Três crianças, cidadãs dos Estados Unidos, foram deportadas para Honduras junto com suas mães na semana passada, incluindo uma menina de 4 anos que estava recebendo tratamento para um câncer metastático. Este caso foi relatado por advogados das famílias e organizações defensoras dos direitos civis e imigratórios. Uma mãe foi deportada com seu filho de 2 anos, enquanto outra teve que partir com seus filhos de 4 e 7 anos. Todas elas estavam cumprindo compromissos regulares com autoridades em Louisiana como parte do Intensive Supervision Appearance Program (ISAP). Esse episódio reflete preocupações sobre a falta de devido processo legal no contexto da política migratória mais rigorosa implementada pelo governo Trump.
O caso envolvendo a criança de 2 anos, identificada nos registros judiciais como V.M.L., chamou particularmente atenção. Ela e sua mãe foram detidas durante uma verificação rotineira exigida pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE). O juiz determinou que o deslocamento ou detenção de cidadãos americanos para deportação é ilegal e inconstitucional, citando um precedente de 2012.
No segundo caso, uma mãe residente há mais de uma década em Luisiana também foi detida ao comparecer a uma reunião obrigatória com o ICE. Sua advogada, Erin Hebert, afirmou que dois oficiais do ICE aguardavam a família na ocasião e os levaram diretamente para a deportação sem permitir que fossem acompanhados por representantes legais. Essa situação gerou grande indignação entre organizações de direitos humanos, que denunciam decisões judiciais baseadas em ordens de remoção emitidas à revelia das partes interessadas.
A administração federal defendeu que as mães teriam optado voluntariamente pela deportação conjunta com seus filhos, argumento contestado pelos advogados das famílias. Gracie Willis, representante do National Immigration Project, declarou que nenhuma das mães havia manifestado desejo explícito de levar seus filhos consigo, especialmente considerando que uma delas ainda estava sob tratamento médico crucial. Ambas as mulheres possuíam vínculos familiares firmes dentro dos Estados Unidos, o que reforça a gravidade dessa decisão.
Alanah Odoms, diretora executiva da ACLU de Luisiana, expressou preocupação sobre o impacto dessas políticas não apenas nas famílias afetadas, mas na sociedade em geral. A deportação rápida, realizada sem acesso adequado aos recursos legais, levanta questões éticas e práticas sobre a segurança jurídica de todos os residentes nos Estados Unidos.
Este incidente evidencia tensões crescentes entre o cumprimento estrito das leis migratórias e a garantia de direitos fundamentais às famílias envolvidas. As vozes de advogados e ativistas ressaltam a necessidade de revisar procedimentos que possam causar danos irreparáveis a crianças e suas mães, mesmo quando estas enfrentam processos complexos de imigração.