Uma análise conduzida por especialistas médicos croatas identificou um total de 77 imprecisões científicas em "House", uma das séries médicas mais icônicas da história. Durante os 177 episódios transmitidos entre 2004 e 2012, a obra apresenta diversas inconsistências que vão desde procedimentos inexatos até diagnósticos duvidosos. A pesquisa, liderada pelo professor Denis Cerimagic da Universidade de Dubrovnik, examina como a série retrata a prática médica e destaca erros que muitas vezes passam despercebidos tanto para profissionais quanto para o público geral.

O estudo aponta que uma das falhas mais notáveis é a realização de uma colonoscopia por um neurologista, algo que foge completamente à sua área de atuação. Além disso, o uso de termômetros de mercúrio, hoje amplamente descontinuado, é outro exemplo citado pelos pesquisadores. Denis Cerimagic explica que o objetivo do trabalho foi criar um artigo acessível tanto para médicos quanto para leigos, destacando as diferenças entre ficção e realidade médica.

A série foca no médico fictício Gregory House, conhecido por seu gênio brilhante e personalidade arrogante. Ele enfrenta desafios complexos ao diagnosticar casos aparentemente insolúveis. Contudo, mesmo este personagem central não está isento de erros técnicos: utiliza uma bengala do lado errado simplesmente por razões dramáticas de enquadramento visual.

Outras imprecisões mencionadas incluem tratamentos de quimioterapia sendo apresentados como curativos universais para diversos tipos de tumores e resultados de exames sofisticados obtidos em prazos irrealisticamente curtos. Esses elementos contribuem para uma narrativa envolvente, mas frequentemente distorcem a prática médica real.

Embora "House" tenha sido aclamada por sua capacidade de simplificar conceitos médicos complexos, o estudo demonstra que a precisão científica nem sempre foi priorizada em favor de uma maior dramaticidade. O trabalho busca educar sobre essas discrepâncias, promovendo maior conscientização sobre os limites entre a medicina fictícia e a realidade clínica cotidiana.