A edição N59 do São Paulo Fashion Week trouxe à tona um renascimento da moda artesanal brasileira, com foco em técnicas manuais, estampas exclusivas e sustentabilidade. Estilistas como Handred, Patricia Viera e Normando apresentaram coleções que celebram o valor de processos lentos e cuidadosos no desenvolvimento das peças. A união entre arte e moda ficou evidente, especialmente nas abordagens que misturavam tradição e inovação.
Entre as principais tendências destacadas, estão os bordados minuciosos, o reaproveitamento de materiais e a utilização de tecidos naturais, como a juta e o látex amazônico. Marcas emergentes também chamaram atenção por sua abordagem criativa e compromisso com práticas sustentáveis, transformando resíduos têxteis em verdadeiras obras-primas vestíveis.
O SPFW N59 reforçou a importância do trabalho manual na moda contemporânea, mostrando como o toque humano pode ser uma ferramenta poderosa para criar identidade visual. Coleções como a de Handred e Normando destacaram-se pela incorporação de elementos tradicionais, como tapeçaria e alfaiataria tropical, em designs modernos e sofisticados.
Handred trouxe ao evento uma estampa assinada por Filipe Jardim, inspirada nas icônicas tapeçarias dos anos 70. O desfile ocorreu em uma galeria especializada no tema, conectando passado e presente. Já Normando reinventou a alfaiataria ao trabalhar com juta artesanal e látex amazônico, resultando em criações que unem formalidade e conexão com a natureza. André Namitala, da Handred, definiu este movimento como "um retorno ao gesto", exaltando o valor do tempo dedicado a cada ponto e detalhe.
Outro destaque foi o compromisso com a sustentabilidade, demonstrado por marcas como Patricia Viera e Leandro Castro. Ambas apostaram em estratégias inovadoras para reduzir o desperdício e transformar resíduos em novas possibilidades estéticas.
Patricia Viera encantou com sua linha Zero Waste, utilizando pequenos retalhos de couro para criar texturas e padrões únicos. Paralelamente, Leandro Castro, estreante no evento, reinterpretou conceitos de arte através de suas criações, baseadas em técnicas manuais como crochê e plissado. Inspirado pelo pintor Wassily Kandinsky, ele definiu suas peças como wearable art, onde cada item é tanto funcional quanto uma expressão artística. Além disso, João Pimenta introduziu o moulage masculino, técnica geralmente associada à moda feminina, produzindo alfaiataria fluida e versátil que atrai tanto homens quanto mulheres.