A cultura de demissões frequentes de treinadores no futebol português tem alcançado níveis alarmantes, colocando o país entre os líderes europeus nesta triste estatística. O cenário atual reflete uma gestão desportiva que carece de planejamento e visão estratégica. Na temporada 2024/2025, um número recorde de clubes já trocou de comando técnico, evidenciando a instabilidade crônica do campeonato.
Um dos principais problemas está na forma como as decisões são tomadas pelos dirigentes. A falta de critérios claros e a constante mudança de abordagens táticas geram incertezas tanto para os jogadores quanto para os torcedores. Em muitos casos, os técnicos são substituídos após poucos jogos, sem sequer terem tempo suficiente para implementar suas ideias. Essa prática não apenas prejudica o desenvolvimento das equipes, mas também perpetua um ciclo de fracassos consecutivos, reforçando ainda mais a mentalidade errada de que mudanças constantes podem resolver problemas estruturais.
Por outro lado, é importante reconhecer que essa situação é resultado de desigualdades econômicas profundas dentro do próprio campeonato. Enquanto poucos clubes possuem recursos abundantes, a maioria enfrenta sérias dificuldades financeiras, o que limita sua capacidade de investimento e planejamento a longo prazo. Esse cenário leva à pressão excessiva sobre os treinadores, transformando-os em bodes expiatórios fáceis quando os resultados não aparecem rapidamente. Contudo, exemplos de outros países mostram que com melhorias nas receitas e profissionalização da gestão, pode-se criar um ambiente mais sustentável e produtivo.
É fundamental repensar essa cultura arraigada de substituições precipitadas, promovendo um modelo baseado em competência e continuidade. Ao invés de buscar soluções rápidas, os dirigentes devem apostar em projetos sólidos que valorizem o crescimento gradual das equipes. Isso contribuirá para o fortalecimento do futebol português como um todo, inspirando gerações futuras e construindo uma herança positiva para o esporte. A mudança começa pela adoção de práticas mais responsáveis e comprometidas com o futuro do jogo.