João Pereira, treinador do Casa Pia, enfrenta dificuldades ao tentar alcançar o nível máximo de certificação para técnicos em Portugal. Apesar de suas conquistas, ele não foi selecionado para participar do curso UEFA PRO (Grau IV), organizado pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Este desafio reflete um sistema que prioriza outros critérios além do mérito individual, afetando as oportunidades de jovens talentos no setor. Além disso, a exclusão de João Pereira deste nível impacta diretamente sua participação em eventos oficiais e limita seu reconhecimento internacional.
A decisão da FPF gerou reflexões sobre a meritocracia no futebol português e os possíveis impactos nas decisões das direções de clubes profissionais. O técnico também compartilhou sua frustração com o processo atual, destacando a importância de modernizar certas práticas institucionais.
As regras estabelecidas pela FPF colocam João Pereira em uma posição desafiadora. Mesmo sendo responsável por promover o Alverca à Liga 2 na temporada anterior, ele não atende aos critérios prioritários para ingresso no curso UEFA PRO. Técnicos principais de equipes competindo na Liga 2 ou em ligas classificadas entre as 25 melhores do ranking UEFA têm preferência. Essa hierarquia evidencia as barreiras enfrentadas por treinadores emergentes, mesmo com trajetórias sólidas.
João Pereira expressou sua decepção ao mencionar que já havia tentado obter o UEFA A em Portugal duas vezes sem sucesso. Ele buscou alternativas internacionais, como a obtenção do UEFA A na Escócia, mas isso não lhe garantiu acesso ao curso nacional. Ao abdicar de sua exclusividade, esperava integrar o programa em Portugal, país onde cresceu e desenvolveu sua carreira. No entanto, o sistema atual parece favorecer aqueles que ocupam posições mais visíveis no cenário competitivo, ignorando o potencial de técnicos como ele. Esta situação levanta questões importantes sobre como o mérito é avaliado e premiado no mundo do futebol.
Além da frustração pessoal, a ausência de João Pereira no curso UEFA PRO tem consequências práticas. Com apenas o nível III de certificação, ele está impedido de participar de entrevistas rápidas após jogos e conferências de imprensa relacionadas às competições da UEFA. Isso limita sua visibilidade tanto nacional quanto internacionalmente, comprometendo seu crescimento profissional.
O treinador ressaltou que esses obstáculos podem desencorajar jovens talentos a investirem em suas carreiras no futebol português. Ele alertou que tal rigidez pode levar as direções dos clubes a evitarem apostas arrojadas em novos treinadores. Em busca de soluções, João Pereira defende uma modernização das práticas institucionais, privilegiando a meritocracia e a excelência. Ele destaca que Pedro Proença, presidente da FPF, enfatiza a relevância do passado como ponto de partida para o futuro. Nesse contexto, há espaço para repensar como as certificações são atribuídas, garantindo que o talento seja reconhecido e valorizado de forma justa. Este debate ganha ainda mais relevância quando se considera que o futuro do futebol depende de criar oportunidades para novos líderes emergirem e inovarem dentro do esporte.