Atualmente, o cenário político brasileiro está passando por uma transformação significativa. A política deixou de ser vista como um instrumento para alcançar o bem comum e se tornou uma forma de entretenimento. Este fenômeno é marcado pela priorização do engajamento nas redes sociais em vez da busca por soluções efetivas para os problemas da sociedade. Em meio a isso, surge uma nova geração de líderes políticos que dominam as plataformas digitais, enquanto projetos sérios são negligenciados.
No contexto atual, a figura tradicional do estadista — alguém comprometido com decisões estratégicas e de longo prazo — tem ficado cada vez mais escassa. No lugar desses líderes experientes, emergem figuras que tratam a política como espetáculo, buscando viralizações e polêmicas para atrair seguidores nas redes sociais. Esse comportamento afasta a população de propostas substanciais e direciona sua atenção para conteúdos superficiais.
Esse fenômeno pode ser compreendido à luz das teorias de Guy Debord sobre a "sociedade do espetáculo". Segundo Debord, vivemos numa era onde tudo é reduzido a imagens e representações. Nesse ambiente, a política não é mais consumida por princípios ou resultados concretos, mas sim como entretenimento. As eleições hoje refletem menos a escolha de lideranças competentes e mais a preferência por personalidades carismáticas que sabem cativar audiências.
O filósofo Zygmunt Bauman também contribui para essa análise ao descrever a "política líquida", na qual valores como seriedade e compromisso são substituídos por diversão e superficialidade. Nesse novo paradigma, aqueles que trabalham discretamente e produzem mudanças reais frequentemente passam despercebidos, enquanto figuras barulhentas, ainda que vazias, conquistam posições de destaque.
Nossa responsabilidade coletiva neste processo não pode ser ignorada. Ao continuarmos apoiando esse tipo de política-espetáculo, perpetuamos um ciclo vicioso que prejudica o desenvolvimento democrático do país. Para mudar essa realidade, é necessário formar cidadãos mais conscientes, capazes de reconhecer méritos reais além de aparências.
É fundamental resgatar a essência da política como ferramenta de transformação social. Isso exige não apenas novos líderes, mas também eleitores que valorizem conteúdo sobre estética e resultados práticos sobre popularidade instantânea. Somente assim será possível reconstruir um sistema político baseado em princípios sólidos e comprometido com o futuro do Brasil.