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Profissionais da Música: A Realidade Fora dos Holofotes
2025-05-28

No mundo da música, muitas pessoas associam o sucesso a grandes apresentações, contratos lucrativos e popularidade nas redes sociais. No entanto, essa visão reflete apenas uma pequena parte do universo musical brasileiro. Longe dos holofotes, existe um vasto mercado composto por artistas que transformam sua arte em fonte de renda, enfrentando desafios como trabalho árduo, estudo constante e adaptação às demandas do setor. Este artigo destaca a trajetória de Luma, uma pianista e cantora baiana que construiu uma carreira sólida sem depender da indústria fonográfica tradicional.

Luma é uma referência no cenário musical autônomo da Bahia. Formada em Música Popular pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), ela desenvolveu uma rotina intensa que inclui atuações regulares em bares, restaurantes e eventos culturais de Salvador. Para ela, a música transcende o glamour; trata-se de uma profissão que exige disciplina e compromisso. "Assim como qualquer outra profissão, tenho meu cachê, pago minhas contas e organizo minha vida financeira e profissional", explica a artista.

A realidade diária de quem vive exclusivamente da música envolve muito mais do que as apresentações em si. Trata-se de um esforço contínuo que abrange ensaios, planejamento, produção de conteúdo para divulgação e gestão das redes sociais. Além disso, muitos músicos complementam suas receitas com atividades paralelas, como aulas particulares e gravações. Dados do Observatório da Economia Criativa da Bahia (OBEC-BA) revelam que cerca de 86% dos profissionais da música na região trabalham de forma independente, sem vínculos fixos.

Luma lidera o projeto "Luma Convida", realizado em um restaurante localizado na Pituba, onde oferece oportunidades para estudantes de música da UFBA se apresentarem ao seu lado. Ela também faz parte da banda da guitarrista Ágata Macêdo e já participou de importantes festivais, como o "Oxe é Jazz". Apesar de não alcançar notoriedade nacional, Luma enfatiza que há milhares de músicos profissionais que sustentam suas famílias e constroem carreiras sólidas fora dos grandes meios de comunicação.

Para as mulheres, o caminho na música ainda é mais difícil. Estudos recentes indicam que apenas uma pequena fração das canções registradas possui participação feminina na composição ou interpretação. Contudo, Luma vê isso como uma questão de visibilidade histórica. "As mulheres sempre estiveram na música, mas faltava espaço e valorização", afirma. Em Salvador, ela faz parte de uma rede crescente de mulheres instrumentistas, compositoras e produtoras que lutam coletivamente para fortalecer sua presença no mercado local.

O sucesso de Luma não é medido pelos números de seguidores ou pelas plataformas digitais. Para ela, o verdadeiro reconhecimento está em poder sustentar-se artisticamente e criar conexões genuínas com o público. Sua trajetória inclui experiências internacionais, como apresentações nos Estados Unidos, e agora ela dedica-se à produção de seu primeiro trabalho autoral.

Nascida em Itabuna e radicada em Salvador, Luma representa uma geração de artistas que encaram a música com seriedade e amor. "Meu trabalho sempre foi sobre viver de música com verdade e paixão", conclui. Sua história demonstra que é possível construir uma carreira sólida no setor musical, mesmo longe dos holofotes, através de talento, persistência e dedicação.

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