O formato de disputa em duas mãos para as fases decisivas da Taça de Portugal tem sido alvo de questionamentos. Apesar de parecer vantajoso, especialmente quando clássicos ou dérbis estão envolvidos, a verdade é que essa configuração nem sempre gera o impacto esperado no mercado televisivo. Embora a possibilidade de confrontos entre grandes clubes aumente o apelo comercial, essas ocasiões são menos frequentes do que se imagina. Nos últimos dezessete anos, apenas seis edições incluíram partidas desse tipo nas semifinais.
A percepção de maior emoção com jogos em duas etapas pode ser enganosa. Quando as equipes têm uma segunda oportunidade para corrigir possíveis erros, a tensão natural das partidas tende a diminuir. Por exemplo, nos embates recentes entre Sporting e Rio Ave, bem como Benfica e Tirsense, observou-se um padrão comum: a primeira partida muitas vezes perde relevância, já que há uma margem de ajuste na segunda. Isso compromete o entusiasmo tanto dos torcedores quanto dos transmissores, que buscam eventos mais intensos e definidos.
O esporte precisa de inovações que estimulem a paixão. Um jogo único poderia oferecer maior dramaticidade, similar ao formato utilizado em competições como a final four da Taça da Liga. Essa abordagem não apenas revitalizaria o interesse público, mas também garantiria disputas mais equilibradas, eliminando a previsibilidade que surge quando times menores enfrentam os gigantes em duas ocasiões distintas. O futuro do futebol português depende de formatos que valorizem cada minuto de jogo, promovendo emoção genuína e justificando o investimento feito pelos stakeholders envolvidos.