Em um dos episódios mais sombrios do futebol português, a final da Taça de Portugal de 1996 entre Benfica e Sporting ficou marcada pela morte trágica de Rui Mendes, um adepto leonino atingido por um artefato pirotécnico lançado das bancadas. Este evento chocou o país e trouxe à tona questões sobre segurança em estádios esportivos. Após quase três décadas, as memórias do ocorrido ressurgem com a reaproximação das duas equipes na disputa por troféus. A história envolve não apenas a partida em si, mas também reflexões de jogadores presentes, como Mauro Airez, que expressaram sentimentos de culpa e perplexidade.
No calor de um dia primaveril, em 18 de maio de 1996, o Estádio Nacional do Jamor recebeu uma final carregada de emoções. Pouco depois do início do jogo, o argentino Mauro Airez marcou para o Benfica, desencadeando celebrações intensas. Foi nesse momento que Hugo Inácio, sentado na arquibancada reservada ao clube encarnado, lançou um very light que atingiu mortalmente Rui Mendes. A tragédia foi percebida inicialmente como um incidente isolado, mas rapidamente tomou proporções alarmantes quando a extensão do dano se tornou evidente.
A resposta oficial veio após uma reunião de emergência conduzida pelo então presidente Jorge Sampaio e o primeiro-ministro António Guterres, determinando que a partida continuasse. Durante o intervalo, os jogadores começaram a compreender a gravidade do ocorrido. Mauro Airez relembra ter encontrado uma ambulância saindo às pressas e observado sinais claros de caos nas arquibancadas ao retornar para a segunda etapa.
Anos depois, Hugo Inácio foi condenado a quatro anos de prisão, embora tenha fugido em 2000 antes de ser recapturado em 2011. Para muitos, essa decisão judicial refletiu tanto o impacto quanto a complexidade do caso.
Hoje, passados 29 anos, a rivalidade entre Benfica e Sporting permanece viva, enquanto o peso dessa memória ainda ecoa nas conversas sobre grandes decisões esportivas.
De forma poética, o tempo não apagou completamente as cicatrizes deixadas naquele dia. Os relatos dos protagonistas destacam a importância de aprender com erros do passado, especialmente em um mundo onde paixões esportivas podem facilmente ultrapassar limites razoáveis.
Como jornalista, é impossível analisar este episódio sem sentir uma profunda reverência pelas lições que ele oferece. A morte de Rui Mendes nos lembra da necessidade constante de revisitar normas de segurança em eventos esportivos, garantindo que tais tragédias não se repitam. Além disso, a experiência demonstra como o futebol, apesar de suas paixões fervorosas, deve sempre ser praticado com respeito e responsabilidade.
Para os fãs, este caso serve como um alerta sobre o poder transformador — seja positivo ou negativo — das nossas escolhas dentro e fora dos estádios. É crucial lembrar que, por trás de cada camisa, há histórias humanas que transcendem qualquer resultado esportivo.