O rock brasileiro tem uma história rica de celebrações e eventos que marcaram gerações. Desde festas repletas de celebridades na década de 60 até versões mais críticas e provocativas nos anos seguintes, o rock soube capturar o espírito da época em canções memoráveis. Quatro faixas musicais ilustram esse percurso: "Festa de Arromba", "Arrombou a Festa", "Arrombou a Festa Número 2" e "A Festa da Música". Essas músicas refletem tanto o glamour quanto os desafios enfrentados por artistas em diferentes momentos históricos.
No final da década de 60, o Brasil testemunhou um fenômeno cultural singular com o surgimento de grandes festas televisivas e premiações musicais. Durante esses eventos, Erasmo Carlos observava o agito e decidiu imortalizar essa experiência em forma de música. Junto com Roberto Carlos, criaram "Festa de Arromba", uma ode ao luxo e à diversão dessas ocasiões especiais. Apesar do sucesso inicial, algumas controvérsias surgiram quando artistas não citados na letra reclamaram de sua exclusão.
O ano era 1964, e a cena musical brasileira fervilhava com o movimento da Jovem Guarda. Entre apresentações televisivas e premiações, ocorreram eventos majestosos onde artistas se reuniam para celebrar o sucesso. Inspirado nesse cenário, Erasmo Carlos idealizou uma composição que retratasse a atmosfera única dessas festividades. A colaboração com Roberto Carlos resultou em "Festa de Arromba", lançada em 1965. A música destacava a presença de diversos artistas da época, dividindo-os entre paulistas e cariocas para evitar polêmicas regionais. No entanto, mesmo com essa precaução, surgiram ressentimentos entre músicos que sentiram suas ausências injustificadas nas letras.
Já nos anos 70, a música brasileira começou a explorar tons mais satíricos e críticos. Rita Lee liderou essa transformação com "Arrombou a Festa" e sua sequência, "Arrombou a Festa Número 2". As canções trouxeram uma perspectiva diferente sobre as festas do mundo artístico, questionando comportamentos e abordando temas tabus com audácia. Essas produções causaram impacto e levantaram debates acalorados no meio musical.
Em 1976, Rita Lee, juntamente com Paulo Coelho, introduziu uma nova abordagem às festas musicais com "Arrombou a Festa". A intenção era chocar e confrontar normas estabelecidas, utilizando informações colhidas em conversas íntimas entre artistas como Raul Seixas. O compacto vendeu impressionantes 250 mil cópias logo após seu lançamento, tornando-se um marco na discografia de Lee. Três anos depois, ela expandiu essa crítica com "Arrombou a Festa Número 2", adicionando ainda mais profundidade às suas observações sobre o ambiente musical. Ambas as canções geraram reações mistas, com alguns colegas de profissão expressando insatisfação pelas menções diretas. Esta tendência culminou na década de 90, quando Gabriel Pensador revisitou o tema em "A Festa da Música", integrando novas gerações de artistas e ampliando o diálogo sobre o papel do rock no panorama musical brasileiro.