Um caso de deportação equivocada está chamando a atenção em Maryland e gerando críticas ao governo federal dos Estados Unidos. Kilmar Abrego Garcia, um homem sem antecedentes criminais que recebeu ordem de proteção contra sua deportação em 2019, foi enviado por engano para uma prisão máxima em El Salvador em 15 de março deste ano. Apesar do reconhecimento oficial do erro administrativo por parte da Administração Trump, nenhuma ação efetiva foi tomada até o momento para corrigir a situação. Este sábado marca um importante capítulo no caso, quando um juiz federal ouvirá argumentos sobre o retorno de Abrego Garcia aos Estados Unidos.

O processo judicial envolve acusações contra diversos oficiais federais, com Garcia afirmando que sua deportação violou uma ordem legal conhecida como "retenção de remoção". A defesa aponta que a decisão de deportar Garcia ocorreu sem passar por qualquer procedimento jurídico adequado, colocando-o em risco extremo ao ser confinado junto a centenas de supostos membros de gangues. O advogado Simon Sandoval-Moshenberg ressaltou que, anteriormente, o Departamento de Justiça e o Departamento de Segurança Interna agiram rapidamente para corrigir erros similares, mas desta vez, nenhum passo foi dado.

Garcia foi preso sob suspeita de vínculos com o grupo MS-13, embora as únicas evidências apresentadas durante seu julgamento fossem baseadas em informações confidenciais não confirmadas. Após a concessão da ordem de proteção em 2019, ele retornou à sua residência em Prince George’s County, onde trabalhou como aprendiz de metalurgista e cumpriu suas obrigações periódicas com a ICE até janeiro de 2025.

Agora, a batalha legal continua com os advogados de Garcia exigindo seu retorno aos EUA. No entanto, tanto a ICE quanto o Departamento de Justiça se opõem ao pedido, alegando que os tribunais federais não têm jurisdição, já que Garcia está sob custódia de autoridades salvadoreñas. Mesmo assim, o advogado Sandoval-Moshenberg argumenta que o tribunal tem poder para restaurar a situação original, mesmo diante das dificuldades impostas pela localização atual de seu cliente.

Além disso, líderes locais de Maryland expressaram indignação com o caso. O prefeito de Baltimore, Brandon Scott, enfatizou que a deportação de pessoas que não deveriam ter sido enviadas ao exterior é preocupante para todos, independentemente de filiação partidária. O governador Wes Moore também pediu às autoridades federais que revissem a decisão, destacando que ninguém deve ser devolvido ao país onde enfrentaria perseguição.

A audiência marcada para esta sexta-feira pode determinar o futuro imediato de Kilmar Abrego Garcia. Enquanto isso, a esposa dele planeja participar de um ato público antes do evento judicial, buscando apoio para trazer seu marido de volta à segurança de sua casa nos Estados Unidos. Este caso ilustra a complexidade do sistema de imigração e os desafios enfrentados por famílias cujas vidas foram drasticamente alteradas por decisões administrativas controversas.