A indústria da moda frequentemente se apresenta como um espaço inclusivo, mas a realidade revela uma visão estreita e excludente. Apesar das campanhas publicitárias que celebram a diversidade, os corpos fora do padrão enfrentam desafios constantes ao tentar encontrar roupas adequadas em lojas convencionais. A falta de opções para tamanhos maiores é apenas um exemplo dessa exclusão sistemática. A cada visita às araras, fica evidente que a oferta ainda é limitada aos chamados tamanhos "padrão", ignorando grande parte da população.
O impacto dos medicamentos para perda de peso reflete outra contradição na sociedade contemporânea. Influenciadores que outrora defendiam a aceitação corporal agora promovem dietas e tratamentos médicos, reforçando o ideal de magreza. Essa mudança não só contradiz as narrativas anteriores de inclusão, como também cria uma barreira financeira adicional, já que esses produtos são acessíveis apenas a quem pode pagar por eles. Paralelamente, a moda continua utilizando modelos diversos em campanhas, mas na prática, os tamanhos oferecidos continuam restritos, indicando uma postura superficial em relação à verdadeira inclusão.
Na última edição de importantes eventos de moda, pouquíssimos modelos representavam corpos acima do padrão tradicional, destacando uma clara discrepância entre discurso e ação. Além disso, o custo elevado das peças dificulta o acesso de grande parte da população, perpetuando a exclusividade econômica. O fast fashion, muitas vezes apontado como alternativa acessível, carrega consigo julgamentos implícitos sobre estilo e qualidade. No entanto, a moda tem o poder de transformar essa realidade ao abraçar genuinamente a diversidade e promover mudanças significativas em sua estrutura. Quando todos os corpos forem igualmente valorizados e respeitados, então sim, a moda poderá ser considerada verdadeiramente democrática.