O coletivo de mulheres indígenas "Niaras", localizado na Aldeia Vitória no Conde, Paraíba, está redefinindo o conceito de moda autoral. Com criações que combinam grafismos tradicionais e materiais naturais como sementes e penas, essas artistas conquistaram as passarelas nacionais com suas peças únicas. A série "Território de Negócios" da TV Cabo Branco destacou a trajetória do grupo em uma reportagem especial dedicada ao Dia dos Povos Indígenas. O coletivo já realizou três desfiles, apoiado financeiramente pela Lei Paulo Gustavo.
A criação das coleções envolve colaboração entre Álvaro Tabajara, responsável pelos desenhos iniciais, e as mulheres do coletivo. Além disso, a artesã Sônia Tabajara desenvolve acessórios utilizando sementes tradicionais. O sucesso alcançado pelas Niaras demonstra um grande potencial de expansão, incluindo planos para cursos de design gráfico e qualificação de costureiras. O mercado internacional valoriza bastante essas peças, que podem ser comercializadas por valores significativamente maiores fora do Brasil.
As criações do coletivo Niaras refletem não apenas sua habilidade artística, mas também a rica herança cultural dos povos indígenas. Cada peça é única, carregando consigo os grafismos ancestrais e elementos naturais que definem sua identidade. Essas características tornam as produções das Niaras reconhecíveis e admiradas tanto dentro quanto fora do Brasil. O impacto dessas iniciativas estende-se além do campo econômico, promovendo uma nova perspectiva sobre a cultura indígena contemporânea.
Desde a sua fundação, o coletivo Niaras tem se destacado por sua abordagem inclusiva. As passarelas onde suas criações são exibidas apresentam uma diversidade de modelos, celebrando diferentes tipos físicos e experiências femininas. Isso contrasta com os padrões tradicionais da moda e oferece uma visão mais ampla e respeitosa da beleza. A participação ativa de mulheres indígenas em todas as etapas do processo criativo — desde o desenho inicial até a confecção final — garante que cada peça transmita autenticidade e respeito à tradição. O apoio recebido da Lei Paulo Gustavo foi crucial para viabilizar esses eventos e levar as coleções às passarelas.
Além do aspecto cultural, o coletivo Niaras explora oportunidades no mercado global. Nathália Tabajara, uma das designers da coleção, reconhece o enorme potencial das vendas online, especialmente para públicos fora da Paraíba. A gestora do Programa do Artesanato da Paraíba, Marielza Rodriguez, enfatiza que a identidade local das peças contribui para o crescimento do turismo e da economia regional. A moda artesanal indígena não só gera renda para as comunidades locais, mas também incentiva práticas sustentáveis e integradas.
O analista do Sebrae-PB, Jucieux Palmeira, destaca que peças indígenas brasileiras têm alto valor no mercado internacional. Ele relata casos em que essas criações são comercializadas por preços muito superiores aos praticados no Brasil, chegando a 15 vezes mais caras quando convertidas em moedas estrangeiras. Esse cenário ilustra o crescente reconhecimento da moda indígena como um segmento lucrativo e culturalmente significativo. Vitória Tabajara resume essa transformação ao afirmar que os povos indígenas não estão limitados às tradições antigas, mas podem expressar sua identidade através de múltiplas formas, incluindo a moda contemporânea. Este movimento marca não apenas uma vitória econômica, mas também uma afirmação cultural poderosa.