O presidente Donald Trump introduziu recentemente um novo sistema de tarifas que abrange mais de cem países, utilizando uma fórmula padronizada para determinar as taxas aplicáveis. Essa metodologia considera o déficit comercial entre os Estados Unidos e cada nação, calculado com base nas importações e exportações de 2024. Apesar de sua simplicidade, a fórmula tem sido criticada por não levar em conta variáveis importantes, como barreiras comerciais existentes ou a composição específica do comércio bilateral.
A essência dessa política reside no uso do déficit comercial como indicador central para ajustar as tarifas. Contudo, essa abordagem uniforme ignora diferenças fundamentais entre os mercados globais. Por exemplo, algumas nações podem ter altos déficits comerciais devido ao tipo de produtos que exportam ou importam, sem que isso indique práticas comerciais desleais.
Um ponto crucial é que o modelo atual exclui serviços da análise, o que afeta significativamente certas relações comerciais. A União Europeia, por exemplo, enfrenta tarifas mais elevadas porque as exportações de bens superam as importações americanas. No entanto, se os serviços fossem incluídos, o saldo comercial seria muito mais equilibrado. Países como a Suíça também veriam suas tarifas reduzidas drasticamente, dado que importam numerosos serviços dos EUA.
Muitos especialistas argumentam que a exclusão de serviços distorce a realidade econômica. O setor de serviços dos Estados Unidos é um dos maiores exportadores mundiais, o que significa que muitos parceiros comerciais têm déficits menores quando todos os aspectos do comércio são considerados. Além disso, a fórmula estabelece um piso mínimo de 10% nas tarifas, garantindo que nenhuma taxa seja extremamente baixa, independentemente das circunstâncias específicas.
Por fim, resta saber quanto tempo essa estrutura permanecerá inalterada. Durante um pronunciamento recente, Trump mencionou estar disposto a negociar acordos especiais caso os EUA obtenham benefícios extraordinários. Esse comentário sugere que mudanças podem ocorrer dependendo das negociações futuras.
Embora a nova abordagem ofereça clareza e previsibilidade, ela também gera preocupações sobre sua eficácia em promover um comércio justo e equilibrado. Ao simplificar complexidades econômicas em uma única métrica, corre-se o risco de penalizar injustamente alguns parceiros comerciais enquanto ignora nuances cruciais do cenário global.