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O Debate Renovado Sobre o Uso de Pelo na Moda
2025-04-28

As passarelas internacionais estão novamente provocando discussões acaloradas com a reaparição de materiais que imitam peles animais. Apesar do avanço significativo em direção ao "fur-free" por parte de grandes marcas no final da última década, o cenário atual demonstra uma mudança notável nos rumos da indústria. Recentemente, grifes consagradas trouxeram para as passarelas inverno 2025/2026 criações que utilizam versões sintéticas desses materiais, despertando questionamentos sobre os limites entre moda e ética.

Ao analisar essa nova tendência, especialistas destacam a complexidade por trás dessa decisão. Para alguns profissionais, como a stylist Manu Carvalho, o simbolismo histórico das peles continua sendo um atrativo irresistível no mundo fashion. Ela enfatiza que esses tecidos evocam sentimentos de proteção, exclusividade e luxo, mesmo quando produzidos artificialmente. Contudo, ressalta-se que qualquer associação com o uso de animais deve ser rejeitada categoricamente. Do outro lado, Alexandra Farah, especialista em moda sustentável, interpreta esse retorno como uma resposta política ao contexto conservador global, onde práticas antigas voltam à tona sob novas roupagens.

Embora o mercado esteja explorando alternativas mais responsáveis, como o consumo de peças vintage ou o surgimento de opções sintéticas, ainda há desafios significativos a superar. Yamê Reis, coordenadora de Design de Moda, alerta para a necessidade de avaliar criticamente a narrativa em torno do vintage. A ideia de que usar itens antigos seria automaticamente ético é posta em cheque, evidenciando que nem tudo relacionado às tradições da moda pode ser considerado progressivo. Essa polêmica serve como um lembrete importante: na busca por inovação, não devemos esquecer os valores fundamentais que impulsionaram mudanças positivas nas últimas décadas.

No universo dinâmico da moda, as tendências podem vir e ir, mas a responsabilidade social e ambiental deve permanecer como uma constante. O ressurgimento dos pelos sintéticos nas passarelas representa tanto uma oportunidade quanto um desafio para a indústria refletir sobre suas escolhas. É fundamental que criadores e consumidores mantenham um olhar atento, garantindo que a expressão artística nunca comprometa os princípios de respeito e sustentabilidade que guiam nosso futuro coletivo.

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