A moda contemporânea está passando por uma transformação significativa, com a estética "Mob Wife" ganhando destaque no início de 2024. Celebridades como Hailey Bieber, Kendall e Kylie Jenner, Taylor Swift e Rihanna têm adotado casacos de pele falsa e vintage, refletindo uma mudança nas preferências do público. Embora essa tendência tenha sido bem recebida pelos defensores dos direitos animais, surgiu um novo desafio ambiental relacionado às alternativas sintéticas, muitas delas derivadas de combustíveis fósseis. Este artigo explora as razões pelas quais a pele voltou à moda, os impactos ambientais associados e as novas soluções sustentáveis emergentes.
Desde o início de 2024, a estética "Mob Wife" tem influenciado profundamente o mundo da moda. Esta nova abordagem representa uma reação ao minimalismo anterior, conhecido como "riqueza discreta". Segundo Natascha Radclyffe-Thomas, professora associada da Ravensbourne University, reviver looks históricos é parte natural do ciclo da moda. No entanto, esta tendência também levantou questões sobre os materiais utilizados. Após marcas de luxo italianas, como a Gucci, decidirem abandonar a pele animal em suas coleções, houve um aumento na demanda por peles sintéticas de alta qualidade, que imitam perfeitamente as originais. Essa evolução trouxe consigo preocupações ambientais, já que a produção de tecidos feitos de poliéster cresceu globalmente.
O mercado de segunda mão está se expandindo rapidamente, com previsões de atingir $367 bilhões até 2029. Empresas como a By Rotation, especializadas no aluguel de roupas, relatam um crescimento significativo na procura por casacos de pele falsa. Eshita Kabra-Davies, fundadora da empresa, afirma que peles falsas bem-feitas tendem a durar mais, aumentando as chances de serem reutilizadas ou vendidas. Além disso, lojas vintage estão observando uma mudança nos gostos de seus clientes, com uma preferência crescente por peles alternativas. Holly Watkins, proprietária da One Scoop Store, explica que agora vende apenas peles verdadeiras em casos especiais, priorizando opções sustentáveis.
A Geração Z parece estar liderando a volta das peles vintage, conforme relatórios indicam um aumento nas vendas de peles usadas entre jovens universitários. Apesar disso, defensores dos direitos animais continuam criticando o uso de peles verdadeiras, mesmo que antigas. Emma Håkansson, fundadora do coletivo Fashion Justice, argumenta que o uso de qualquer tipo de pele animal perpetua práticas cruéis e desnecessárias. Diante deste cenário, surgem alternativas inovadoras, como a Savian, uma pele 100% vegetal desenvolvida pela empresa BioFluff. Produzida na Itália a partir de urtiga, linho e cânhamo europeus, esta nova tecnologia oferece uma solução ética e ambientalmente responsável.
Embora existam debates sobre qual tipo de pele causa menos impacto ambiental, um estudo de 2013 sugere que casacos de pele verdadeira de vison têm um impacto climático maior do que os sintéticos. No entanto, considerando a escala da produção global de vestuário e o número de animais mortos anualmente para a indústria da moda, surge a questão de se tal produção é justificável. Enquanto isso, consumidores e profissionais da moda continuam questionando suas escolhas, buscando equilibrar tradição cultural, inovação tecnológica e responsabilidade ambiental.
A moda está em constante evolução, refletindo mudanças culturais, sociais e ambientais. Com o aumento da conscientização sobre o impacto das escolhas de vestuário, tanto fabricantes quanto consumidores estão explorando alternativas mais sustentáveis. A criação de materiais inovadores, como a Savian, representa um passo importante nessa direção. Ao mesmo tempo, a discussão sobre o uso de peles verdadeiras versus sintéticas continua a gerar reflexões profundas sobre ética, cultura e meio ambiente. Este momento marca uma oportunidade única para reinventar a moda, garantindo que ela seja não apenas fashionável, mas também responsável.