A procuradora-geral dos Estados Unidos, Pam Bondi, revogou uma política do governo Biden que impedia o uso indiscriminado de intimações para obter registros telefônicos de jornalistas em investigações criminais. Em um memorando interno, revelado inicialmente pela rede ABC News, Bondi rescindiu as proteções estabelecidas anteriormente por Merrick Garland, destinadas a preservar a privacidade da mídia durante investigações de vazamentos. O documento descreve os funcionários federais que repassam informações confidenciais à imprensa como participantes de atividades "traidoras" e enfatiza que tais práticas devem cessar imediatamente. Apesar disso, o Departamento de Justiça prometeu manter certos procedimentos protetores antes de buscar registros ou testemunhos de profissionais da mídia.
O memorando destaca que a divulgação de informações sensíveis pode prejudicar políticas do presidente Donald Trump, vitimizar agências governamentais e causar danos aos cidadãos americanos. Bondi justificou sua decisão ao afirmar que era necessário anular as diretrizes anteriores de Garland para identificar e punir as fontes de vazamentos ilegais. No entanto, ela reconheceu a importância de uma imprensa livre e independente para o funcionamento da democracia norte-americana, garantindo que medidas legais compulsórias seriam usadas com moderação.
Com a nova política em vigor, a aprovação do procurador-geral será obrigatória para qualquer tentativa de questionar ou prender membros da imprensa. Essa mudança ocorre após Tulsi Gabbard, diretora de inteligência nacional, ter informado sobre várias denúncias criminais encaminhadas ao Departamento de Justiça relacionadas a supostos vazamentos na comunidade de inteligência. Um desses casos envolveu informações compartilhadas com o Washington Post, descritas por Gabbard como parte de esforços de "criminosos do estado profundo" para minar a agenda de Trump.
No ano de 2022, Garland havia introduzido regulamentos limitando como os promotores federais poderiam conduzir investigações de vazamentos, em resposta a revelações de que agentes do Departamento de Justiça sob a administração Trump anterior tinham obtido secretamente registros telefônicos de repórteres de grandes veículos de comunicação. Desde seu retorno à Casa Branca, Trump intensificou seus ataques à mídia, caracterizando-a como "inimiga do povo". As tensões incluem disputas públicas com organizações de notícias, como o controle do pool de imprensa da Casa Branca e uma controvérsia com a Associated Press sobre mudanças no guia de estilo. Além disso, há movimentos para desmantelar a Voice of America (VoA).
As novas diretrizes sinalizam uma postura mais dura contra a imprensa, refletindo um clima de crescente hostilidade entre o governo e os meios de comunicação. Ainda assim, a posição oficial do Departamento de Justiça permanece sem comentários adicionais até o momento.