O presidente Donald Trump tem mantido sua promessa de campanha ao implementar tarifas agressivas sobre importações americanas, uma estratégia que tem causado preocupação entre investidores, economistas e CEOs. Apesar de ações anteriores já terem sido vistas por presidentes anteriores em setores específicos, como aço ou pneus, o que está sendo preparado pode ser ainda mais amplo. O anúncio da política comercial conhecida como "Dia da Libertação" representa um movimento audacioso no que se refere às tarifas. A incerteza sobre os detalhes continua alta, mas a expectativa é que as tarifas afetem significativamente o comércio global.
A administração Trump está considerando várias abordagens para expandir suas políticas comerciais, incluindo a ideia de aplicar tarifas recíprocas inicialmente aos 15% dos países com os quais os Estados Unidos têm os maiores déficits comerciais. Essa ideia, sugerida pelo secretário do Tesouro Scott Bessent, representaria uma escalada significativa na guerra comercial. No entanto, o presidente parece inclinado a adotar uma abordagem ainda mais ampla, cobrindo todos os países, totalizando aproximadamente US$ 3,3 trilhões em bens importados. Isso seria muito além das tarifas impostas durante o primeiro mandato de Trump, que atingiram cerca de US$ 380 bilhões em importações.
A escala proposta das novas tarifas seria quase dez vezes maior do que aquelas implementadas no primeiro mandato de Trump, evocando políticas protecionistas semelhantes às do presidente William McKinley nos anos 1890. Desde o início de seu segundo mandato, Trump aumentou significativamente as tarifas sobre produtos chineses, canadenses e mexicanos, bem como sobre aço e alumínio. Estes aumentos já impactam mais de US$ 1 trilhão em importações, dobrando o montante do primeiro mandato.
A confiança do consumidor diminuiu, enquanto as preocupações com o desemprego e a inflação aumentaram. Executivos empresariais relatam frustração com a instabilidade gerada pelas políticas tarifárias, dificultando o planejamento estratégico. Art Hogan, estrategista-chefe da B. Riley Wealth Management, afirmou que "é natural que as pessoas esperem preços mais altos porque não vemos uma guerra comercial como esta desde McKinley". Além disso, economistas alertam que essas medidas podem levar a uma recessão ou até mesmo a estagflação, cenário em que inflação elevada coexiste com crescimento econômico lento.
A Casa Branca argumenta que o plano tarifário do presidente beneficiará os trabalhadores americanos a longo prazo, combatendo práticas comerciais injustas que prejudicaram o país por décadas. Contudo, especialistas como Erica York, vice-presidente de política fiscal federal no Tax Foundation, expressam preocupação com os possíveis impactos negativos dessas políticas sobre a economia global. Ela sugere que a experiência pode ensinar uma lição difícil sobre os perigos das tarifas universais.
Enquanto muitos esperavam que as ameaças de tarifas fossem apenas uma tática de negociação, a seriedade das ações de Trump tem surpreendido. A incerteza gerada por essas políticas tem pressionado os mercados financeiros, levando à queda das ações americanas e aumentando as chances de uma recessão econômica. Mesmo assim, a administração continua defendendo que as tarifas são necessárias para corrigir desequilíbrios comerciais históricos, apesar das crescentes críticas internacionais e domésticas.