O terremoto de magnitude 7,7 que atingiu Mandalay na última sexta-feira deixou uma trilha de destruição por toda a cidade. Edifícios desabaram, hospitais foram forçados a operar ao ar livre e milhares de pessoas perderam suas casas. Com o governo militar bloqueando o acesso de jornalistas estrangeiros e limitando ajuda internacional, os esforços de resgate estão aquém do necessário. A situação política complicada do país torna ainda mais difícil lidar com essa tragédia, com muitos habitantes dependendo de donativos individuais para sobreviver.
No coração da Myanmar, a cidade de Mandalay foi devastada pelo terremoto ocorrido na última sexta-feira. Ao percorrer as ruas, especialmente nas áreas norte e central, é impossível não notar a escala massiva da destruição. Em praticamente todas as vias, edifícios inteiros colapsaram, reduzidos a montes de escombros. Outros permanecem de pé, mas com rachaduras profundas que os tornam inseguros. No hospital principal, pacientes são tratados sob o céu aberto, enquanto médicos e enfermeiras lutam contra a falta de recursos.
Em meio à calamidade, histórias pessoais emergem. Nan Sin Hein, uma mãe de 41 anos, aguarda desesperadamente notícias de seu filho Sai Han Pha, um trabalhador da construção civil preso em um prédio de cinco andares que desabou. A ausência de equipamentos adequados de resgate aumenta a angústia das famílias, como no caso dos monges do U Hla Thein Buddhist Academy, onde corpos são retirados com dificuldade após dias de espera.
Os esforços internacionais de resgate têm sido limitados, com equipes principalmente da Índia, China e Rússia conduzindo operações em pontos críticos, como o complexo residencial Sky Villa. Sob um calor opressivo, os resgatistas enfrentam condições extremas, incluindo o odor insuportável de corpos em decomposição.
Além das perdas humanas, importantes sítios históricos como o Palácio de Mandalay e a Pagoda Maha Muni sofreram danos significativos. Famílias inteiras agora vivem ao ar livre, temerosas dos constantes tremores secundários que assombram as noites.
A partir de um olhar humano, a dor é palpável. Daw Khin Saw Myint, de 72 anos, reflete a realidade de muitos idosos que agora dependem de doações para sobreviver. Sem moradia e com pouca assistência médica, eles enfrentam um futuro incerto.
De forma geral, a resposta oficial tem sido criticada como insuficiente, com números oficiais de mortos possivelmente subestimados devido à vasta extensão de áreas ainda inacessíveis.
Como jornalista ou leitor, este relato nos leva a refletir sobre a interseção entre desastres naturais e crises políticas. A incapacidade de Myanmar de oferecer uma resposta eficaz demonstra como conflitos internos podem amplificar o sofrimento humano. É crucial que comunidades internacionais encontrem maneiras de superar barreiras políticas para fornecer ajuda vital, mesmo em contextos hostis. Este desastre serve como um lembrete sombrio de nossa vulnerabilidade coletiva e da necessidade de solidariedade global.