No último dia 2 de abril, os eleitores de Wisconsin estavam determinados a escolher um novo membro para o tribunal superior do estado, em uma disputa que reflete as divisões políticas nacionais e coloca em xeque questões como direitos reprodutivos, leis trabalhistas e normas eleitorais. A campanha alcançou marcas históricas, tornando-se a mais cara na história dos Estados Unidos, com gastos superiores a $90 milhões. O confronto ocorre entre Susan Crawford, juíza liberal, e Brad Schimel, ex-procurador-geral republicano conservador, ambos buscando ocupar uma vaga no tribunal atualmente inclinado para a esquerda por 4 a 3. Apesar da corrida ser formalmente não partidária, o apoio de figuras como Donald Trump e Elon Musk trouxe uma dimensão nacional ao pleito.

O investimento maciço na campanha demonstra a importância estratégica do cargo em jogo. Além das contribuições substanciais de grupos externos e partidos políticos, destaca-se a influência financeira de Elon Musk, aliado próximo de Trump, que desembolsou mais de $21 milhões para apoiar Schimel. Musk também promoveu incentivos pecuniários para voluntários e eleitores, gerando controvérsia legal no estado. Este cenário complexo envolve ainda bilionários democratas, como George Soros e J.B. Pritzker, que têm apoiado a candidatura de Crawford.

O contexto político é amplificado pelo papel crucial que o tribunal de Wisconsin desempenhará nos próximos anos. Decisões sobre redistritos eleitorais e regulamentações podem impactar diretamente as dinâmicas legislativas nas eleições intermediárias de 2026 e na corrida presidencial de 2028. Adicionalmente, questões sensíveis, como o futuro dos direitos à abortação e as leis trabalhistas, estão sob análise do tribunal.

Apoiadores de Schimel argumentam que sua vitória fortalecerá medidas de contenção governamental alinhadas às visões de Trump. Já defensores de Crawford enfatizam a necessidade de proteger interesses coletivos contra intervenções corporativas. Gary Christenson, um eleitor reformado, expressou seu respaldo a Schimel, enquanto West Roberts, jovem votante, defendeu Crawford, criticando a interferência de magnatas como Musk.

O resultado desta eleição pode reverberar além das fronteiras de Wisconsin, moldando o panorama político nacional. Ainda que o fechamento das urnas tenha ocorrido às 20h CDT, a expectativa por resultados finais manteve toda a atenção política focada no estado. Independentemente do vencedor, fica evidente que esta campanha judicial transcendeu barreiras locais, transformando-se em um teste significativo da influência política de algumas das figuras mais poderosas da América contemporânea.