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Crise na Saúde Animal: Impactos das Demissões em Massa no FDA e HHS
2025-04-02
A crise sanitária global enfrentada atualmente ganhou um novo capítulo com a recente decisão do Secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., que ordenou demissões em massa em agências-chave responsáveis pela saúde animal e humana. Essas decisões afetaram profundamente o Centro de Medicina Veterinária da Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA), colocando em risco respostas essenciais à gripe aviária e outras doenças emergentes.

Uma Decisão Controversa que Afeta Milhões de Vidas

O impacto dessas medidas vai muito além das paredes das agências federais. Com mais de 10 mil funcionários desligados em todo o Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS), incluindo mais de 130 profissionais do Centro de Medicina Veterinária (CVM) do FDA, especialistas alertam para as consequências catastróficas em cadeias alimentares e sistemas de saúde pública.

Desmantelamento de Lideranças Críticas

Entre os cortes realizados no CVM, destaca-se a extinção de praticamente toda a equipe de liderança do escritório da diretoria, com exceção da própria diretora Tracey Forfa. A gestão e equipes administrativas também sofreram reduções significativas, incluindo setores de comunicação e compras. Sem essas equipes fundamentais, restam apenas oficiais de conformidade alimentar e revisores de medicamentos veterinários, mas sem suporte suficiente para executar suas funções plenamente.

Um oficial do FDA, que preferiu não se identificar, explicou que “sem uma equipe de comunicações eficaz, é impossível lançar alertas de segurança em tempo hábil. Além disso, a ausência de pessoal administrativo compromete a capacidade de pagar laboratórios externos para testar produtos críticos.” Esse cenário pode retardar ou inviabilizar ações preventivas contra contaminações perigosas, como aquelas associadas à gripe aviária.

Perda Irreparável de Conhecimento Especializado

Duas importantes veterinárias seniores encarregadas das operações relacionadas à gripe aviária foram dispensadas. Esses profissionais lideravam investigações sobre reclamações de doenças em animais domésticos e recalls de produtos contaminados. Além disso, seus trabalhos abrangiam questões complexas, como resistência antimicrobiana e investigações de alimentos contaminados destinados a animais.

O impacto dessas demissões pode ser devastador, especialmente considerando que produtos contaminados podem entrar na cadeia alimentar humana por meio de carne ou laticínios provenientes de animais expostos a substâncias nocivas. Recentemente, vários casos de alimentos para pets contaminados com o vírus da gripe aviária foram registrados, levantando preocupações adicionais sobre a segurança alimentar.

Inovação e Pesquisa sob Risco

Antes das demissões, o CVM estava avançando em projetos inovadores para combater a gripe aviária. Entre eles estavam esforços para expandir a capacidade laboratorial para testar produtos pet, pesquisas sobre edição genética em galinhas para aumentar sua resistência ao vírus e o desenvolvimento de terapias mais eficazes para animais infectados.

Essas iniciativas são cruciais para mitigar os efeitos da pandemia de gripe aviária, que tem sido mortal para espécies como gatos. No entanto, com a saída de talentos experientes e a falta de recursos, tais avanços correm o risco de serem interrompidos, comprometendo seriamente a segurança e bem-estar tanto de animais quanto de humanos.

Impactos Transversais nas Respostas à Pandemia

As consequências das demissões não se limitam ao CVM. Outros programas vitais dentro do FDA também sofreram cortes significativos, como o Programa de Alimentos Humanos, que perdeu mais de cem funcionários. Equipes administrativas e de comunicação que apoiavam cientistas e oficiais de saúde na resposta à gripe aviária foram igualmente afetadas.

No âmbito mais amplo, a Administração para Preparação e Resposta Estratégica (ASPR) também enfrentou reduções substanciais, com mais de 80 colaboradores sendo desligados. A ASPR desempenha um papel central no financiamento de estoques pandêmicos de vacinas contra influenza e tratamentos, bem como na pesquisa e produção de vacinas e medicamentos para humanos.

Resistência ao Desmonte Institucional

Enquanto isso, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) ainda não começou formalmente seus processos de "redução forçada" ordenados pela Casa Branca, exceto por oferecer aposentadorias antecipadas e indenizações a muitos funcionários. Essa abordagem contrastante evidencia a urgência de reconsiderar estratégias institucionais que priorizem a preservação de conhecimento e expertise crítica.

A saída de figuras como a Dra. Hilary Marston, chefe médica do FDA e peça-chave nas respostas federais às crises de COVID-19 e mpox, reforça a gravidade do momento. Em uma postagem no LinkedIn, ela expressou sua tristeza ao encerrar esse capítulo de sua carreira, reconhecendo o impacto negativo sobre outros colegas e iniciativas futuras.

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