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Desastre sem precedentes atinge Sagaing, Myanmar
2025-03-30

O desastre em Sagaing, no centro de Myanmar, ultrapassa qualquer outra calamidade vista anteriormente por equipes de resgate e profissionais médicos, mesmo em um país que já enfrentou mais de quatro anos de conflito intenso. Após o terremoto devastador na sexta-feira, edifícios desabaram amplamente, incluindo a sede do departamento de incêndio provincial, deixando equipamentos e veículos danificados. A falta de equipes e recursos para recuperar corpos e limpar escombros é alarmante. Ma Ei, envolvida nos esforços humanitários, relata o mau cheiro emergente após dois dias e destaca a ausência de ajuda devido à interrupção da internet e das linhas telefônicas. Pacientes foram forçados ao calor abrasador após o hospital local ser danificado, enquanto os suprimentos médicos são escassos tanto em Sagaing quanto em Mandalay, onde o hospital regional está sobrecarregado.

A situação em Sagaing é marcada pela destruição generalizada dos edifícios após o terremoto. O prédio do departamento de incêndio foi completamente arrasado, comprometendo todos os equipamentos e veículos essenciais para as operações de resgate. Ko Doe, membro de uma equipe local de salvamento, relatou que sua equipe começou a trabalhar imediatamente após receber algum maquinário do governo, mas ainda enfrenta sérias limitações com apenas quatro guindastes disponíveis para todo o município. A combinação de falta de suprimentos, quedas de energia, comunicações interrompidas e estradas danificadas torna ainda mais difícil o trabalho das equipes de resgate.

No cenário político conturbado de Myanmar, governado por um regime militar desde o golpe de 2021, há crescentes preocupações sobre a segurança dos trabalhadores de resgate. Alguns evitam oferecer ajuda temendo prisões arbitrárias pelas autoridades militares. Além disso, ataques aéreos continuam ocorrendo mesmo após o desastre, exacerbando o medo entre a população civil. Em hospitais militares, como mencionado por um morador local, pacientes civis recebem tratamento quando os hospitais públicos estão saturados, mas muitos preferem evitar essa alternativa.

Mandalay, a segunda maior cidade de Myanmar, também sofreu impactos significativos. Um médico anônimo relatou que nunca viu tanta destruição em sua vida, com edifícios colapsados em todas as direções após o terremoto. Ele descreveu a violência do tremor que derrubou cirurgiões durante procedimentos. Apesar de ainda haver suprimentos básicos como soro e sangue disponível, a capacidade do hospital para realizar cirurgias complexas permanece duvidosa. Pacientes traumatizados estão sendo enviados para casa ou tratados fora do prédio para evitar pânico relacionado aos tetos desabados.

Em áreas rurais distantes das grandes cidades, a situação parece ainda mais crítica. Sem acesso adequado às redes sociais ou meios de comunicação, comunidades como a liderada por Ei Hnin Phway aguardam desesperadamente por assistência. Ko Doe informou que até agora sua equipe recuperou 190 corpos, mas acredita que muitos outros permanecem presos, especialmente crianças em escolas e mosteiros budistas. Com poucas esperanças de sobrevivência, o foco recai agora em identificar e enterrar os corpos restantes.

Enquanto o mundo observa a crise em Myanmar, a necessidade urgente de suprimentos médicos, alimentos secos, água potável e medicamentos se torna cada vez mais evidente. O impacto combinado do desastre natural e do contexto político opressor cria um desafio monumental para as equipes de resgate e a população afetada. As consequências dessa tragédia provavelmente continuarão a ecoar nas comunidades locais por muito tempo após o fim das operações de busca e resgate.

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