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Acadêmicos Americanos Combatem Política de Deportação de Estudantes Estrangeiros
2025-03-25

Grupos acadêmicos dos Estados Unidos entraram com uma ação judicial contra a administração Trump, visando impedir a deportação de estudantes e pesquisadores estrangeiros que expressaram apoio à causa palestina e críticas a Israel. A Associação Americana de Professores Universitários (AAUP) e a Associação de Estudos do Oriente Médio (MESA) alegam que o governo está promovendo um "clima de repressão" em universidades, comprometendo direitos constitucionais de liberdade de expressão. O caso surge após prisões notórias de indivíduos como Mahmoud Khalil e Badar Khan Suri, ambos defensores da causa palestina. Advogados alertam para uma possível expansão desta política de censura a outras formas de discurso dissidente no ensino superior.

No contexto de crescentes tensões políticas nos campi americanos, as organizações acadêmicas afirmam que a atual administração federal está implementando uma estratégia ideológica de deportação. Esse movimento teria começado com ordens executivas emitidas pelo presidente Donald Trump em janeiro, autorizando agências governamentais a realizar prisões em larga escala de estudantes e professores não-cidadãos envolvidos em protestos pró-Palestina ou atividades associadas. A denúncia legal aponta para uma interpretação ampla das leis migratórias de 1952, que permitem a remoção de indivíduos cuja presença possa gerar consequências adversas significativas na política externa americana.

O processo nomeia figuras-chave do governo, incluindo Marco Rubio, secretário de Estado, e Kristi Noem, secretária de Segurança Interna, além de Todd Lyons, diretor interino da Agência de Imigração e Alfândega (ICE). As prisões de Khalil e Suri são vistas como exemplos iniciais dessa nova abordagem, com potencial para desencadear uma onda maior de deportações. Advogados argumentam que essa prática já teve um impacto intimidador sobre comunidades universitárias, silenciando vozes que defendem causas politicamente controversas.

Ramya Krishnan, principal advogada do Instituto Knight de Primeira Emenda, compara a situação atual às caçadas anticomunistas de McCarthy nos anos 50. Ela sugere que este é apenas o início de uma ameaça mais ampla ao discurso livre, advertindo que tal política poderia ser estendida a outros grupos, como aqueles que criticam o próprio presidente. Além disso, há preocupações sobre a segurança de cidadãos naturalizados, dado que o governo está explorando opções de desnacionalização.

Todd Wolfson, presidente da AAUP, enfatiza que a perseguição a estudantes internacionais por suas opiniões sobre a Palestina é apenas o começo. Ele adverte que futuramente podem ser alvo professores que ensinam história da escravidão, fornecem cuidados de saúde relacionados à identidade de gênero, conduzem pesquisas sobre mudanças climáticas ou orientam estudantes sobre escolhas reprodutivas. Esta luta, portanto, transcende questões isoladas e representa um desafio coletivo aos princípios democráticos fundamentais.

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