notícias
Data de julgamento é marcada em caso de fraude criminal contra a Boeing
2025-03-25

Um juiz dos Estados Unidos determinou o dia 23 de junho como data para o julgamento no caso de fraude criminal movido pelo Departamento de Justiça contra a Boeing. A fabricante aeronáutica americana está acusada de supostas falsificações junto aos reguladores sobre um sistema crucial do avião 737 Max, que esteve envolvido em dois trágicos acidentes aéreos, resultando em 346 mortes. As famílias das vítimas saudaram a decisão judicial como uma "oportunidade para a justiça". Embora a Boeing tenha iniciado conversações com boa fé com o Departamento de Justiça, há tensões relacionadas à negociação anterior de um acordo de confissão de culpa que agora pode ser revogado.

O caso ganhou destaque após críticas ao governo federal americano por supostamente negociar um "acordo complacente" com a Boeing, permitindo que a empresa confessasse sua culpa e pagasse uma multa sem passar por um julgamento amplamente divulgado. O valor inicial do acordo era de até $487,2 milhões. No entanto, o juiz distrital Reed O'Connor rejeitou esse acordo inicialmente devido a questões relacionadas a cláusulas de diversidade e inclusão, solicitando que as partes chegassem a um novo entendimento até o próximo mês. Mesmo assim, o juiz marcou uma data de julgamento, embora não tenha esclarecido os motivos para tal decisão.

A Boeing afirmou que continua em discussões construtivas com o Departamento de Justiça para resolver adequadamente a questão. Enquanto isso, advogados das famílias das vítimas enfatizam a necessidade de responsabilização total da empresa. Eles argumentam que o acordo anterior falhou em punir de maneira justa a Boeing pelos crimes cometidos. Sanjiv Singh, conselheiro de 16 dessas famílias, destacou que a decisão do juiz O'Connor transmite uma mensagem forte sobre a importância de manter a segurança na aviação.

O acordo de confissão de culpa proposto anteriormente incluía um compromisso de gastar $455 milhões em práticas de segurança e conformidade ao longo de três anos sob supervisão judicial, além da implementação de um monitor independente por igual período. Apesar disso, muitos familiares consideram insuficiente tal medida para garantir a justiça pelas vidas perdidas nos acidentes ocorridos em 2018 e 2019. Erin Applebaum, representante legal de 34 famílias afetadas pelo desastre da Ethiopian Airlines em 2019, instou o Departamento de Justiça a prosseguir com uma investigação completa.

A história do caso revela complexidades adicionais, como a violação por parte da Boeing de um acordo anterior de 2021 que a protegia de processos criminais relacionados aos acidentes. Isso levou o Departamento de Justiça a decidir criminalizar a empresa e negociar o atual acordo de confissão. Autoridades ligadas à administração Trump também manifestaram a necessidade de maior rigor contra a Boeing, especialmente após incidentes recentes, como o estouro de painéis de cabine em janeiro.

A decisão do juiz O'Connor reflete a gravidade do caso e a pressão pública por justiça. Independentemente do resultado final, o episódio coloca em foco a importância de responsabilidade corporativa e medidas eficazes para prevenir tragédias futuras no setor aeronáutico.

more stories
See more