A gigante sueca do varejo de moda H&M revelou recentemente sua intenção de criar réplicas digitais de modelos humanos, uma iniciativa que tem gerado discussões acaloradas sobre o futuro da indústria da moda e o impacto das tecnologias emergentes. A empresa planeja desenvolver até 30 gêmeos digitais neste ano, enquanto explora maneiras responsáveis de integrá-los ao mercado fashion. Embora os direitos desses avatares permaneçam nas mãos dos modelos originais, a ideia despertou preocupações entre sindicatos e ativistas que defendem os direitos trabalhistas no setor.
No contexto de um setor cada vez mais influenciado pela inteligência artificial (IA), a decisão da H&M reflete um movimento global em direção à inovação digital. No entanto, essa abordagem também levanta questões éticas importantes, especialmente em relação ao emprego de trabalhadores tradicionais, como maquiadores, cabeleireiros e outros profissionais criativos envolvidos nas campanhas publicitárias. Representantes do sindicato britânico Equity expressaram reservas sobre o potencial uso excessivo dessas tecnologias sem garantir proteções adequadas aos trabalhadores.
Em meio às críticas, destacou-se a posição da organização Model Alliance, liderada por Sara Ziff, que alertou para o risco de marginalização ainda maior dos direitos dos trabalhadores na moda. Segundo Ziff, a ausência de regulamentações claras pode levar à substituição de diversos profissionais pelo uso indiscriminado de clones digitais. Além disso, outras marcas, como Levi Strauss & Co., já testaram a implementação de IA em suas estratégias comerciais, mas enfrentaram resistência significativa após anunciar planos semelhantes.
Essa tendência não se limita apenas às grandes empresas. Influenciadores digitais e até mesmo concursos de beleza baseados em IA começam a ganhar espaço no cenário internacional. Esse fenômeno evidencia a crescente relevância das tecnologias artificiais no universo fashion, embora desafios relacionados à ética e à justiça social continuem sendo debatidos.
O debate sobre a incorporação da IA no mundo da moda é crucial, pois equilibrar progresso tecnológico com respeito aos direitos dos trabalhadores é essencial. Enquanto algumas empresas adotam posturas mais cautelosas, outras parecem priorizar lucros sobre as consequências sociais. Resta saber se a H&M conseguirá implementar sua proposta sem comprometer a dignidade dos profissionais que fazem parte dessa cadeia produtiva tão complexa e diversificada.