Um jovem designer do Pará está transformando a moda esportiva com uma abordagem única que combina tradições culturais e elementos locais da região amazônica. João Victor, conhecido como João Boto, fundou a marca Pink Boto em 2019, destacando-se rapidamente no cenário fashion nacional. Através de estampas inspiradas na fauna e flora amazônica, bem como nas lendas regionais, ele trouxe um toque inovador às camisas esportivas, expandindo seu público para além das comunidades locais. O sucesso veio com o lançamento de coleções que unem modelagens clássicas ao espírito vibrante da cultura amazônica, conquistando adeptos tanto nas ruas quanto nas passarelas internacionais.
Nascido em Tailância, João cresceu rodeado pelo mundo da confecção, observando sua mãe, costureira, criar roupas desde cedo. No ambiente familiar de uma fábrica de uniformes, desenvolveu um olhar apurado para tecidos e cortes. Inspirado pelas histórias locais e suas próprias criações artísticas, decidiu mesclar essas influências em uma linha de camisetas serigrafadas. Em 2019, lançou oficialmente a Pink Boto, inicialmente com estampas de flor de jambu, ampliando posteriormente para temas como açaí, guaraná e peixes amazônicos.
No ano passado, a marca ganhou notoriedade com uma coleção de camisas esportivas que ressoaram profundamente com a tendência global Block Core. Modelagens jersey tradicionais receberam grafismos tapajônicos e referências ancestrais, tornando-se fenômeno entre os fashionistas. Peças como as dedicadas aos botos tucuxi e rosa esgotaram rapidamente, impulsionando novos lançamentos como a série Fruta Temporã, que inclui designs como Clube do Açaí e Wara´ná.
Amanda Santana, curadora de arte indígena e idealizadora da plataforma Tucum, destaca a conexão cultural que a Pink Boto proporciona. Durante o festival Psica, em Belém, ela testemunhou o impacto visual e simbólico dessas peças, percebendo como elas representam orgulhosamente a identidade regional.
Com planos ambiciosos, João pretende introduzir calças, shorts e até mesmo uma linha infantil, sempre mantendo o compromisso com raízes ancestrais e adaptações modernas.
A história de João Boto demonstra que a autenticidade cultural pode se destacar no competitivo universo da moda. Ao incorporar elementos locais em produtos globais, ele prova que é possível preservar tradições enquanto alcança públicos amplos. Este exemplo inspira outros criadores a explorarem suas próprias origens como fonte de inovação e expressão artística.