No decorrer da Idade Média e do Renascimento europeu, uma peculiaridade fashion se destacou entre as mulheres: o hábito de remover parte dos cabelos para evidenciar uma testa mais alongada. Este atributo era considerado um símbolo de inteligência, frequentemente retratado em obras de arte dessa época. Paralelamente, os pelos femininos eram vistos como impuros e até perigosos para os homens, levando muitas mulheres a depilar não apenas os cabelos, mas também as sobrancelhas. Laura Ferrazza, professora e historiadora especializada em moda e arte, destaca que o período entre o final da Idade Média e o início do Renascimento foi crucial para o desenvolvimento da moda contemporânea. A crescente urbanização e o surgimento da burguesia transformaram a forma como as pessoas percebiam o vestuário. Além disso, com o avanço das universidades renascentistas, algumas mulheres começaram a ocupar posições intelectuais significativas, simbolizadas pela ampliação da testa, representando uma mente pensante.
Em pleno século XV, durante o florescimento artístico e cultural que marcou a transição da Idade Média para o Renascimento, surgiu uma tendência curiosa no mundo da moda feminina europeia. As mulheres passaram a raspar parte do cabelo frontal para exibir testas mais proeminentes, um traço estético que simbolizava inteligência e status social elevado. Esse costume foi amplamente adotado por figuras ilustres, como a rainha Elizabeth I, cujo reinado (1558-1603) influenciou profundamente a moda britânica. Após sobreviver à varíola aos 29 anos, Elizabeth começou a usar perucas ruivas, reforçando ainda mais sua imagem icônica com a testa larga. Durante essa fase, a alta testa era associada à majestade e autoridade, características importantes para uma mulher em posição de poder tipicamente masculino. No entanto, ao final do século XVI, esse padrão estético começou a perder força, dando lugar às preferências barrocas que valorizavam linhas de cabelo mais naturais.
Do ponto de vista histórico, esta prática demonstra como a moda reflete mudanças sociais e culturais. Embora a testa alta tenha sido uma expressão visual de emancipação intelectual para algumas mulheres, ela continuava vinculada ao papel tradicional feminino de gerar descendentes, como visto nos retratos da época que destacavam ventres pronunciados. Esta dualidade – tanto intelectual quanto biológica – revela a complexa relação entre gênero e sociedade no Renascimento. Hoje, observamos essas tendências com fascínio, reconhecendo-as como um espelho das aspirações e limitações enfrentadas pelas mulheres de então.