Francis Kurkdjian, renomado perfumista e diretor artístico da Dior, compartilha uma visão inovadora sobre como a criatividade humana se funde com o avanço tecnológico no universo das fragrâncias. Para ele, o papel do perfumista é multifacetado, envolvendo tanto a concepção quanto a engenharia olfativa. Além disso, a inteligência artificial não representa uma ameaça à arte da perfumaria, mas sim uma ferramenta poderosa que otimiza processos e amplia horizontes criativos. No conglomerado LVMH, a IA é explorada para criar experiências únicas, como dispositivos capazes de capturar memórias através do olfato.
De acordo com Francis Kurkdjian, o trabalho de um perfumista transcende a simples criação de cheiros. Ele descreve essa profissão como uma combinação de arquitetura sensorial e engenharia molecular, onde cada nota tem sua função estratégica. A fragrância deve evocar emoções, transmitir identidade e conquistar os sentidos de maneira única. Este equilíbrio entre técnica e intuição é essencial para criar produtos memoráveis que ressoem com os consumidores.
No coração da perfumaria moderna está a habilidade de transformar ideias em experiências tangíveis. O processo começa com a concepção de uma assinatura olfativa que reflete a essência de uma marca ou indivíduo. Aqui, o perfumista atua como um compositor invisível, combinando ingredientes naturais e sintéticos para formar acordes harmônicos. Kurkdjian enfatiza que esta prática exige não apenas conhecimento técnico, mas também sensibilidade artística. Cada etapa do desenvolvimento – desde a escolha das matérias-primas até o ajuste final – é crucial para garantir que a fragrância tenha autenticidade e presença marcante.
Embora a inteligência artificial esteja ganhando espaço em diversos setores, Kurkdjian argumenta que ela não substitui o toque humano na perfumaria. Em vez disso, a IA é vista como uma ferramenta valiosa que automatiza tarefas repetitivas, liberando tempo para que os perfumistas foquem em aspectos mais estratégicos, como a construção de narrativas olfativas e a definição da identidade de uma fragrância. Dentro do grupo LVMH, a tecnologia proprietária está sendo usada de formas inovadoras para expandir as possibilidades criativas.
Um exemplo intrigante dessa integração é o uso da IA para replicar e preservar memórias através do olfato. Inspirado pelo famoso "efeito Madeleine" descrito por Proust, pesquisadores estão desenvolvendo dispositivos capazes de capturar e armazenar aromas específicos, permitindo que momentos especiais sejam revividos sob a forma de fragrâncias personalizadas. Essa abordagem redefine a relação entre tecnologia, memória e emoção, oferecendo novas dimensões para a experiência olfativa. Com isso, a perfumaria avança além do produto físico, tornando-se uma ponte entre passado e presente, conectando pessoas às suas histórias através do poder dos sentidos.