A indústria de mídia e entretenimento brasileira, tradicionalmente voltada para o mercado doméstico, enfrenta novas oportunidades no cenário global. A era digital e a inteligência artificial oferecem perspectivas únicas para expandir além das fronteiras nacionais. A integração com parceiros internacionais, especialmente portugueses, pode proporcionar acesso a novos mercados e fontes de receita inexploradas. Este artigo explora as possibilidades de colaboração internacional, a criação de plataformas unificadas e a monetização de acervos históricos.
Uma das principais oportunidades reside na parceria entre empresas de mídia brasileiras e portuguesas para comercializar seus vastos acervos de conteúdo a empresas de inteligência artificial. Essas empresas necessitam de grandes volumes de dados categorizados, especialmente em línguas específicas. Ao se unirem, os veículos de comunicação podem oferecer bases de dados ricas e diversificadas, superando barreiras que isolam informações valiosas. Esta estratégia permite não apenas gerar receitas significativas, mas também contribuir para o avanço tecnológico em linguística computacional.
O ecossistema de inteligência artificial depende fortemente de dados estruturados e classificados. Empresas como OpenAI, Microsoft e Google buscam constantemente novas fontes de informação para treinar seus modelos de linguagem. Os jornais portugueses, com seu rico patrimônio editorial, representam um recurso inestimável. No entanto, muitos jornais brasileiros ainda hesitam em explorar esse potencial, mantendo seus arquivos como ativos intocáveis. Enquanto isso, outros players globais já aproveitam essa tendência, como El País, Le Monde e The Guardian. A colaboração entre Brasil e Portugal poderia criar uma plataforma única, capaz de fornecer dados de alta qualidade em português, impulsionando tanto a inovação quanto a monetização.
A fragmentação do mercado de streaming em língua portuguesa representa um desafio para consumidores e produtores. A necessidade de assinar múltiplos serviços limita o acesso a conteúdos diversos e cria barreiras logísticas. Uma solução seria a integração multinacional das plataformas, permitindo uma experiência mais fluida e abrangente para o público. Isso poderia fortalecer a presença global do entretenimento em português, aumentando investimentos e alcance internacional.
Um exemplo promissor vem do Reino Unido, onde as principais redes de TV criaram uma plataforma conjunta chamada Freely, reunindo todos os seus conteúdos em um único local. Esta iniciativa demonstra como a união de esforços pode resultar em uma oferta superior ao consumidor. Para o mercado lusófono, uma abordagem semelhante poderia transformar o cenário de streaming, facilitando o acesso a produções de alto nível e promovendo sinergias entre produtores brasileiros e portugueses. Adicionalmente, a criação de agregadores de notícias especializados em português poderia revolucionar a forma como as pessoas consomem informações, oferecendo uma visão 360º de eventos locais e globais, validados por múltiplas fontes confiáveis.