A cultura do futebol no Brasil ganha uma nova interpretação através da Piet, marca reconhecida no cenário de streetwear nacional. A coleção mais recente foi apresentada no icônico estádio do Pacaembu, encerrando a programação dos 30 anos da São Paulo Fashion Week. Inspirada nas memórias coletivas e na paixão do brasileiro pelo esporte, a linha conta histórias por meio de peças que mesclam arte, tradição e inovação. Pedro Andrade, diretor criativo da Piet, explica como o design reflete não apenas o universo do futebol, mas também a identidade cultural do país.
Com uma abordagem inclusiva, a Piet distribuiu gratuitamente ingressos para o desfile via Instagram, permitindo que admiradores do estilo sem vínculo direto com produtos de luxo pudessem participar do evento. Essa estratégia democratizadora busca conectar pessoas apaixonadas pela estética urbana, redefinindo o conceito elitista tradicionalmente associado às semanas de moda.
O designer Pedro Andrade, originário de Araçatuba, São Paulo, fundou a Piet há 13 anos enquanto cursava desenho industrial. Inicialmente, a marca explorava temas relacionados ao montanhismo, produzindo roupas utilitárias vendidas em pequenas lojas no bairro do Bom Retiro. Ao longo dos anos, a Piet evoluiu, conquistando um público jovem que buscava alternativas aos gigantes internacionais do streetwear, como Palace e Supreme. Parcerias estratégicas, como aquela com a Oakley — icônica marca californiana de óculos espelhados — ampliaram ainda mais seu alcance, unindo diferentes segmentos sociais sob um mesmo guarda-chuva cultural.
A nova coleção reflete essa diversidade em suas criações. Camisetas exibem ilustrações infantis inspiradas em momentos marcantes do futebol brasileiro, como o gesto emblemático de Kaká erguendo os braços ao céu. Jaquetas bomber incorporam detalhes como forros que imitam uniformes de reservas, enquanto mochilas em couro vermelho reinterpretam acessórios clássicos dos goleiros. Calçados e bolsas trazem referências a chuteiras vintage e inscrições relacionadas ao controle antidoping, conectando o universo esportivo à moda contemporânea.
Embora reconhecida internacionalmente, com presença em cerca de 60 lojas mundo afora, incluindo mercados asiáticos importantes como China e Coreia do Sul, a Piet enfrenta críticas sobre os preços elevados de seus produtos no Brasil. Andrade argumenta que muitas das peças são artesanais e demandam horas de trabalho meticuloso, como é o caso de uma jaqueta com mangas de crochê desenvolvida em colaboração com a KidSuper, marca nova-iorquina com laços com a Louis Vuitton.
Além da Piet, Andrade também trabalha em outra etiqueta homônima, onde explora tecidos e estéticas minimalistas. Ele vê ambas as marcas como laboratórios de experimentação, criando roupas que dialogam com a juventude brasileira nos mais diversos contextos urbanos. Sua visão transcende o simples ato de vestir, transformando cada peça em uma narrativa visual que ecoa a complexidade e beleza da cultura brasileira.
A Piet não apenas redefine o streetwear local, mas também celebra a singularidade do Brasil em sua forma mais pura. Com sua nova coleção, a marca prova que é possível aliar tradição e modernidade, oferecendo uma experiência única tanto para quem vive o futebol quanto para quem aprecia o design inovador.