O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, surpreendeu a comunidade internacional ao propor uma troca inédita de prisioneiros com o governo venezuelano liderado por Nicolás Maduro. A sugestão envolve libertar 252 cidadãos venezuelanos mantidos sob custódia em seu país, em troca da soltura de um número igual de presos políticos na Venezuela. Esta proposta surge em meio a críticas crescentes sobre as práticas migratórias do governo salvadorenho e a controvérsia gerada pelo confinamento de deportados acusados de associação a gangues.
No domingo, durante um outono repleto de tensões diplomáticas, Nayib Bukele utilizou as redes sociais para direcionar uma mensagem ao presidente venezuelano. Ele listou nomes de figuras significativas ligadas à oposição venezuelana, como familiares de líderes políticos e jornalistas detidos no ano anterior. Entre os citados está o genro de Edmundo González, ex-candidato presidencial, além de ativistas refugiados na embaixada argentina em Caracas. O plano inclui ainda cidadãos de diversas nacionalidades que se encontram sob prisão. Bukele argumenta que essas pessoas estão detidas injustamente devido a sua postura contrária ao regime de Maduro.
A oferta humanitária foi encaminhada oficialmente ao Ministério das Relações Exteriores de El Salvador, que deverá entrar em contato com autoridades venezuelanas. Apesar disso, até o momento, o governo de Maduro permanece silencioso sobre a questão. Paralelamente, El Salvador enfrenta escrutínio internacional por suas práticas relacionadas aos deportados dos Estados Unidos, muitos dos quais são mantidos no chamado Centro de Confinamento contra o Terrorismo (CECOT).
A situação ganha maior complexidade com casos como o de Kilmar Abrego Garcia, um pai de família deportado apesar de estar casado com uma cidadã norte-americana. Seu caso desencadeou batalhas judiciais nos EUA exigindo sua repatriação. Em resposta às críticas, o arcebispo José Luis Escobar Alas alertou Bukele contra o uso do território salvadorenho como uma "grande prisão internacional". No entanto, o presidente justifica as medidas como parte de uma operação ampla contra gangues transnacionais.
De acordo com fontes locais, a tensão política segue crescendo enquanto o mundo observa de perto os próximos passos deste embate diplomático.
Do ponto de vista de um jornalista, essa proposta pode ser vista como um gesto audacioso que tenta equilibrar interesses políticos e demandas humanitárias. Ao mesmo tempo, ela coloca em evidência questões delicadas sobre soberania, direitos humanos e cooperação internacional. Este episódio serve como um lembrete de que, em tempos de polarização global, soluções criativas podem ser tanto uma oportunidade quanto um risco para governantes ambiciosos. Resta saber se esta iniciativa será recebida com abertura ou suspeição pelo lado venezuelano.