O mundo da moda está passando por uma transformação única, onde as fronteiras entre o corpo humano e a arte são constantemente desafiadas. Durante a Semana de Moda de Paris, o estilista holandês Duran Lantink apresentou sua coleção Outono-Inverno 2025 com designs excêntricos que exploram novos territórios na expressão corporal. Ambientada em um cenário futurista, a apresentação incluiu silhuetas distorcidas, peças chamativas e dois torsos protéticos que capturaram a atenção do público. Esses elementos não apenas questionaram normas de gênero, mas também se conectaram a uma tendência crescente no setor: o uso de próteses para redefinir a percepção da beleza.
Desde tempos antigos, as próteses têm sido utilizadas tanto para fins práticos quanto artísticos. Originalmente desenvolvidas como auxílios médicos, elas evoluíram significativamente ao longo dos séculos, especialmente no século XX, quando materiais como látex permitiram avanços notáveis na indústria cinematográfica e de entretenimento. Hoje, essas inovações chegaram à moda, com designers como Martine Rose e Collina Strada usando próteses para criar looks impressionantes nas passarelas. Esse movimento reflete uma mudança cultural mais ampla, onde a fantasia corporal é usada para explorar identidade e transformação.
No desfile de Lantink, os torsos protéticos foram o ponto alto. Um modelo masculino emergente desfilou com atributos femininos pronunciados, enquanto outra modelo exibiu um físico escultural modificado. Esses momentos geraram debates acalorados nas redes sociais sobre fluidez de gênero e representação da feminilidade. Para Lantink, a ideia era brincar com a noção de corpos humanos como "action figures", abrindo espaço para interpretações diversas.
Além disso, o uso de próteses não se limita às passarelas. No tapete vermelho, artistas como Doja Cat e Sabrina Carpenter colaboraram com especialistas em maquiagem para incorporar visuais inovadores. Malina Stearns, uma artista renomada, destacou que o objetivo é criar experiências visuais marcantes que transcendem a simples estética. O design de próteses personalizadas permite que modelos e celebridades expressem suas visões criativas de maneira ainda mais impactante.
Com o advento da tecnologia de impressão 3D, a criação de próteses tornou-se mais acessível e complexa. Estilistas estão cada vez mais investindo nessa área para produzir looks que vão além das roupas convencionais. Hillary Taymour, fundadora da Collina Strada, explicou que o objetivo é reimaginar completamente a forma humana, integrando aspectos naturais e artificiais. Isso resulta em criações que parecem orgânicas, mas carregam uma mensagem profunda sobre nossa relação com o ambiente e nós mesmos.
Ainda assim, o futuro das próteses na moda promete ser ainda mais ambicioso. Enquanto muitas atualmente são estáticas, há interesse em incorporar elementos dinâmicos, como animatrônicos ou robótica flexível. Imagine vestidos que respiram ou caudas que se movem conforme o modelo caminha. Essas possibilidades expandem o conceito de moda para algo muito mais interativo e envolvente.
Essa fusão entre tecnologia e arte redefine continuamente os limites da expressão humana. Ao invés de simplesmente vestir roupas, os designers agora oferecem a oportunidade de moldar corpos inteiros, explorando infinitas possibilidades de identidade visual. A moda, assim, transcende sua função básica e se torna uma plataforma poderosa para narrativas culturais complexas e fascinantes.