Após um terremoto de magnitude 7,7 que atingiu o estado de Sagaing, no Myanmar, hospitais locais enfrentam uma crise sem precedentes. O Hospital Geral de Mandalay está lotado de pacientes feridos, muitos dos quais aguardam tratamento em condições precárias no estacionamento da unidade. A falta de suprimentos médicos e pessoal treinado agrava ainda mais a situação. Dr. Kyaw Zin, cirurgião do hospital, relata que não há espaço suficiente para atender todos os necessitados, além de expressar preocupação com familiares que não consegue contatar devido à interrupção das linhas telefônicas.
No calor abrasador de mais de 38 graus Celsius, pacientes cobertos por curativos improvisados jaziam sobre macas ou pedaços de papelão no estacionamento do Hospital Geral de Mandalay. Muitos outros permaneciam diretamente sobre o concreto duro. Segundo Dr. Kyaw Zin, a unidade médica encontra-se superlotada desde o terremoto devastador ocorrido na última sexta-feira. A escassez de algodão e outros materiais básicos tornou ainda mais difícil o trabalho da equipe médica já exaurida. Antes mesmo do desastre natural, o sistema de saúde de Myanmar já estava sob enorme tensão devido às restrições impostas pelo regime militar após o golpe de Estado de 2021.
Dr. Kyaw Zin revelou que estava prestes a realizar uma cirurgia quando o tremor ocorreu. Pacientes e funcionários correram para fora do prédio em busca de segurança. Na tarde do incidente, ambulâncias chegavam constantemente ao hospital com novos feridos. Enfermeiros faziam rondas entre os pacientes no estacionamento, alguns conectados a soro intravenoso, enquanto gritos de dor ecoavam no ar abafado. O cheiro de sangue era intenso no ambiente saturado pela alta temperatura.
A região central do terremoto, Sagaing, tem sido palco de resistência contra o governo militar. Autoridades reconhecem dificuldades para acessar áreas remotas devido aos danos causados à infraestrutura. A Organização Mundial da Saúde (OMS) informa que informações precisas são difíceis de obter por causa dos tremores secundários e falhas nas comunicações. No entanto, a agência trabalha para enviar suprimentos de emergência de seus centros logísticos internacionais.
A partir desta tragédia, fica evidente a urgência de fortalecer sistemas de saúde em países em desenvolvimento, especialmente em regiões politicamente instáveis. Esta situação reforça a importância de políticas globais que priorizem o apoio humanitário e a construção de estruturas resilientes capazes de responder rapidamente a crises naturais e conflitos armados.