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Universidade Columbia Aceita Demandas do Governo Trump em Troca de Restauração de Fundos Federais
2025-03-22

No último mês, a Universidade Columbia chegou a um acordo com o governo dos Estados Unidos liderado por Donald Trump para restabelecer US$ 400 milhões em financiamento federal que haviam sido revogados. A razão da suspensão foi atribuída ao que o governo chamou de "falha em proteger estudantes judeus contra assédio antissemita". Como parte do acordo, a universidade implementará novas políticas que incluem a proibição de máscaras faciais durante protestos, além de dar poderes especiais de prisão a oficiais de segurança no campus. Além disso, uma nova provost será nomeada para supervisionar departamentos relacionados aos estudos do Oriente Médio.

Detalhes da Decisão e Consequências na Academia

Em meio à tensão política nos campi universitários americanos, especialmente após os eventos ligados à escalada do conflito entre Israel e Gaza no ano passado, a Columbia tornou-se foco de atenção nacional. Em abril do ano anterior, estudantes ocuparam o prédio acadêmico Hamilton Hall em apoio à causa palestina, levando à intervenção policial após solicitação das autoridades da universidade. Este incidente, combinado com outras atividades pró-Palestina, resultou nas recentes sanções federais.

O governo Trump tomou medidas duras contra aqueles envolvidos nos protestos, prometendo deportar estudantes estrangeiros participantes. Mahmoud Khalil, um estudante central na organização desses protestos, foi preso pelo ICE e agora enfrenta a revogação de seu visto permanente. O Departamento de Segurança Interna justificou sua ação argumentando que advogar por violência e terrorismo não deve ser tolerado.

A administração enviou uma carta a 60 instituições acadêmicas alertando-as sobre investigações relacionadas ao “assédio antissemita” e advertindo sobre possíveis ações legais caso não haja mudanças. Em resposta, a Columbia afirmou ter expulsado ou suspenso alunos envolvidos na ocupação de Hamilton Hall.

No limite final imposto pelo governo, a universidade apresentou um memorando detalhando as reformas disciplinares acordadas. Entre elas, estão regras obrigando manifestantes a se identificarem, revisões curriculares em departamentos sensíveis e a criação de um cargo superior para monitorar essas áreas. Apesar dessas concessões, não há garantia de retorno imediato dos fundos federais; cumprir as demandas é apenas um pré-requisito para negociações formais.

Perspectivas e Impacto na Liberdade Acadêmica

Críticos argumentam que as exigências do governo extrapolam normas tradicionais de conduta e representam uma tentativa de silenciar vozes pró-Palestina. Sarah Leah Whitson, diretora executiva da DAWN, destaca o perigo desse nível de intervenção federal, afirmando que comprometerá seriamente a liberdade acadêmica em todo o país. Ela alerta que esta medida pode abrir caminho para controles semelhantes em outras universidades.

Tariq Kenney-Shawa, fellow de políticas dos EUA na Al-Shabaka: The Palestine Policy Network, classifica a ação como absurda e questiona a coerência do governo, que frequentemente defende menor intervenção federal mas agora interfere diretamente em questões internas de universidades. Ele sugere que o objetivo principal é criar um ambiente onde apenas conteúdos aceitos por certas administrações possam ser ensinados.

Do ponto de vista legal, movimentos para deportar estudantes encontram resistência. O caso de Mahmoud Khalil avança judicialmente, com juízes enfatizando a necessidade de devido processo legal. Outros estudantes também enfrentam risco de deportação ou revogação de vistos, ampliando preocupações sobre vigilância governamental em comunidades acadêmicas muçulmanas e árabes.

Por fim, decisões judiciais recentes, como a que impede a Columbia de compartilhar informações confidenciais de estudantes sem devido processo, sinalizam a complexidade do cenário jurídico e político atual.

De um ângulo jornalístico, este caso ilustra como pressões externas podem moldar dinâmicas internas em instituições educacionais. Reflete também o equilíbrio delicado entre responsabilidade social e autonomia acadêmica, desafiando-nos a repensar limites éticos e legais em tempos de polarização extrema.

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