A decisão do governo Trump de reduzir significativamente a ajuda externa tem deixado os Estados Unidos incapazes de responder adequadamente ao desastre do terremoto em Mianmar. De acordo com ex-funcionários americanos, o país praticamente ficou de fora durante o período crucial de resgate após o tremor devastador que matou pelo menos 2.700 pessoas e deixou milhares feridos. A mobilização de equipes especializadas em resposta a desastres foi comprometida pelas profundas reduções orçamentárias, afetando diretamente a capacidade dos EUA de oferecer assistência humanitária eficaz.
Embora o Departamento de Estado tenha anunciado uma contribuição financeira de US$ 2 milhões para apoiar as comunidades atingidas, essa quantia é considerada muito inferior aos montantes tradicionalmente destinados por Washington em situações semelhantes. Além disso, a ausência de pessoal treinado e recursos logísticos tornou impossível enviar equipes robustas para ajudar no resgate.
O corte drástico na assistência estrangeira sob o governo Trump impactou severamente a capacidade dos Estados Unidos de liderar esforços internacionais em crises como a ocorrida em Mianmar. Com a redução das verbas destinadas à Agência Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID), equipes especializadas em resposta a desastres naturais não puderam ser enviadas ao local do terremoto. Essas medidas resultaram na exclusão dos EUA da fase inicial crítica de salvamento, quando vidas poderiam ainda ser salvas.
Historicamente, os Estados Unidos destacavam-se como líderes globais em operações de emergência, enviando equipes compostas por centenas de profissionais treinados, incluindo cães farejadores e equipamentos especializados. No entanto, contratos logísticos essenciais para transportar esses recursos foram cancelados como parte das reduções impostas pela administração Musk, responsável pela reestruturação da USAID. Isso levou à incapacidade de mobilizar rapidamente qualquer equipe substancial capaz de realizar buscas e resgates em tempo hábil. Ex-funcionários afirmam que esta é a primeira vez que os EUA não conseguem oferecer uma resposta significativa a um grande desastre natural.
O governo Trump justifica as mudanças argumentando que parcerias existentes podem suprir a necessidade de presença física americana em desastres internacionais. No entanto, especialistas discordam, alegando que a eficácia de resgates depende fortemente da presença de equipes experientes no local. Sem essas equipes, a capacidade de salvar vidas em situações críticas diminui drasticamente. O Departamento de Estado sustenta que sua abordagem atual envolve coordenar esforços com parceiros locais, mas ex-funcionários criticam tal estratégia como insuficiente e irrealista.
O enfraquecimento do papel internacional dos EUA nesse contexto preocupa analistas, que veem isso como um sinal de retirada estratégica da influência global americana. Chris Milligan, ex-diretor da missão da USAID em Mianmar, alerta que este cenário representa o "novo normal", onde outras potências globais, como a China, assumem posições de liderança anteriormente ocupadas pelos Estados Unidos. Ele destaca que a capacidade de resgate disponível nos EUA poderia dobrar os esforços já em andamento no país asiático, mas essa força está agora inutilizada pelas decisões políticas domésticas. Especialistas concordam que a ausência de uma resposta robusta dos EUA reflete não apenas cortes orçamentários, mas também uma mudança mais ampla na postura diplomática e humanitária do país no cenário mundial.