A moda brasileira está sendo redefinida por talentos que elevam a cultura regional a patamares internacionais. Na recente edição da São Paulo Fashion Week, realizada em abril de 2025, dois estilistas originários do Pará conquistaram corações e mentes ao apresentar uma visão inovadora do vestuário. Marco Normando e Emídio Contente, criadores da marca Normando, transformam cada peça em uma ode à identidade cultural amazônica. Inspirados pelas texturas e histórias do Norte do Brasil, eles criam coleções que ressoam como manifestações artísticas.
O diferencial da Normando reside na sua capacidade de mesclar tradição e modernidade. A última apresentação trouxe elementos narrativos retirados de obras literárias paraenses, como o romance "Chove nos Campos de Cachoeira", de Dalcídio Jurandir. As criações, compostas por materiais diversos — desde látex até fibra de buriti —, destacam-se pela originalidade e relevância social. O uso de padrões florais colaborativos e bordados simbólicos, como o verde representativo da resistência natural, encantou especialistas e público presente. “A moda deve ser uma ferramenta de comunicação”, afirmou Arlindo Grund, consultor de imagem, ao destacar a precisão técnica aliada à força das mensagens visuais.
A trajetória da Normando é um exemplo de sucesso construído sobre princípios sólidos. Fundada oficialmente em 2020, mas idealizada anos antes, a grife já possui loja própria em São Paulo e traça metas globais. Seu compromisso com as origens é evidente em cada detalhe das coleções, celebrando não apenas o Brasil, mas especificamente suas regiões periféricas. Este movimento demonstra que a moda pode ser muito mais do que aparência: ela reflete território, denúncia e afeto. Ao colocar a Amazônia no centro das passarelas, Marco e Emídio mostram que a diversidade cultural enriquece o mundo da arte e amplia horizontes.