No último sábado, uma explosão devastadora ocorrida no porto de Shahid Rajaei, localizado no sul do Irã, resultou na morte de 14 pessoas e deixou mais de 750 feridos. Autoridades locais indicaram que o incidente pode estar relacionado a um carregamento de produtos químicos usados como combustível para mísseis. Apesar de inicialmente reportar números menores de vítimas, as autoridades revisaram os dados conforme novas informações surgiram. Enquanto isso, especialistas analisam se falhas operacionais ou ataques externos desencadearam o acidente.
O porto de Shahid Rajaei, ponto estratégico para o comércio iraniano, tornou-se palco de um dos maiores desastres industriais recentes. Mehrdad Hasanzadeh, oficial responsável pelo gerenciamento de desastres da província, confirmou na televisão estatal o aumento significativo nas baixas humanas. O evento ocorreu enquanto delegações iranianas e americanas conduziam negociações nucleares em Omã. Embora nenhuma conexão direta ao ataque tenha sido estabelecida imediatamente, Abbas Araghchi, ministro das Relações Exteriores, alertou sobre possíveis sabotagens anteriores que ameaçavam a segurança nacional.
As investigações iniciais sugerem que o manuseio inadequado de produtos químicos sólidos destinados ao programa balístico do Irã pode ter causado o incêndio seguido da explosão. Dados de rastreamento de navios fornecidos pela Associated Press corroboram relatórios de uma empresa de segurança privada, Ambrey, que afirmou que o porto recebeu em março um carregamento proveniente da China contendo compostos como perclorato de sódio, utilizado como combustível em mísseis balísticos. No entanto, o governo iraniano não reconheceu publicamente tal entrega.
Vídeos divulgados nas redes sociais mostram fumaça vermelho-alaranjada antes da explosão, indicando possível envolvimento de produtos químicos perigosos. Testemunhas relataram cenas de pânico quando alertas foram feitos para evacuar áreas próximas à chegada de um caminhão-tanque suspeito. Mais tarde, a administração alfandegária citada pela agência estatal IRNA atribuiu o incidente ao armazenamento inadequado de materiais químicos perigosos no local.
A tragédia lembra eventos passados, incluindo um ataque cibernético contra o mesmo porto em 2020, supostamente realizado por Israel. A explosão abalou janelas a quilômetros de distância, desabou edifícios e superlotou hospitais com feridos. Em resposta, o Ministério do Interior anunciou uma investigação completa sobre o ocorrido. O presidente Masoud Pezeshkian expressou condolências às famílias afetadas.
Situado na província de Hormozgãn, próximo ao Estreito de Ormuz — rota crucial para cerca de 20% do petróleo comercializado globalmente —, o porto de Shahid Rajaei continua sendo um alvo potencial para atividades hostis. Este incidente destaca preocupações crescentes sobre a segurança e infraestrutura dos principais pontos logísticos do país.