Em sua jornada de 12 anos como papa, Francisco elevou as causas dos migrantes e dos marginalizados, incentivando a Igreja a enfrentar seu próprio passado de escândalos. Suas tentativas de tornar a instituição mais inclusiva foram recebidas com entusiasmo por seus apoiadores, mas também encontraram resistência entre conservadores que preferiam aderir às tradições estabelecidas. Desde sua juventude em Buenos Aires até sua posição como o primeiro pontífice jesuíta e latino-americano, sua trajetória foi marcada por desafios e transformações significativas.
Jorge Mario Bergoglio nasceu em um lar humilde em Buenos Aires e cresceu cercado pela fé desde cedo. Filho de imigrantes italianos, ele demonstrou uma inteligência precoce e um profundo interesse pela religião, além de um amor pelo tango. Sua vocação para o sacerdócio surgiu aos 16 anos, durante um momento revelador na Basílica de São José. Após décadas de estudo e serviço, ele se tornou um líder influente dentro da ordem dos jesuítas.
Desde a infância, Bergoglio mostrava sinais de uma conexão espiritual forte. Aos 16 anos, sentiu uma chamada divina enquanto visitava uma igreja aleatoriamente. Este evento mudou sua vida, levando-o a ingressar no seminário e dedicar-se completamente à vida religiosa. Durante sua formação, ele enfrentou períodos difíceis, incluindo acusações não comprovadas relacionadas à guerra suja na Argentina. Apesar desses desafios, ele continuou a ascender nas hierarquias da Igreja, sendo ordenado padre em 1969 e mais tarde tornando-se chefe dos jesuítas em 1973. No entanto, seu estilo autoritário gerou controvérsias, culminando em um exílio temporário para Frankfurt e Córdoba.
Eleito papa em 2013, Francisco rapidamente começou a redefinir a postura da Igreja Católica globalmente. Em vez de focar em questões divisivas como aborto e homossexualidade, ele direcionou sua atenção para temas urgentes como mudança climática, pobreza e migração. Seu compromisso com justiça social ficou evidente em viagens históricas, como a primeira visita papal a Lampedusa, símbolo de refugiados e migrantes.
Como líder da Igreja, Francisco abordou problemas complexos com coragem e inovação. Ele fundou uma comissão para lidar com os escândalos de abuso clerical, embora tenha enfrentado dificuldades em mantê-la funcional. Além disso, contribuiu diplomaticamente para reconciliações internacionais, como o acordo entre EUA e Cuba em 2014. Seu encíclico "Laudato Si" em 2015 destacou a necessidade urgente de proteger o meio ambiente e criticar o capitalismo global por explorar os pobres. Durante sua visita aos Estados Unidos em 2015, tornou-se o primeiro papa a falar ao Congresso, enfatizando temas de justiça social e ambiental. Ao longo de sua vida, Francisco manteve uma postura progressista, promovendo maior inclusão de mulheres e até permitindo bênçãos para casais gays. Mesmo enfrentando críticas, ele deixou um legado duradouro de compaixão e reforma dentro da Igreja Católica.