A luta judicial contra a ordem executiva de Trump reflete preocupações profundas sobre a integridade das eleições americanas. Este é um tema crucial no contexto político atual, onde as mudanças propostas podem ter consequências duradouras.
O primeiro desafio jurídico surgiu quando o Centro Legal de Campanhas e o Fundo Defensores da Democracia Estadual apresentaram uma ação na segunda-feira à tarde. Pouco depois, o Comitê Nacional Democrata seguiu o mesmo caminho, juntamente com governadores democratas e líderes do Senado e da Câmara.
Essas ações judiciais buscam bloquear a execução da ordem e declará-la ilegal. Argumentam que a medida presidencial representa uma interferência indevida nos sistemas eleitorais estabelecidos, colocando em risco o direito ao voto de milhões de americanos.
As questões constitucionais estão no centro do debate. De acordo com Danielle Lang, diretora sênior de direitos eleitorais do Centro Legal de Campanhas, "não está dentro da autoridade do presidente determinar regras eleitorais por decreto executivo". Isso inclui exigências como prova de cidadania para registro eleitoral e novas regras de prazos para cédulas.
Além disso, especialistas questionam a autoridade presidencial sobre agências independentes, como a Comissão de Assistência às Eleições dos EUA. Essa agência é responsável por orientações voluntárias para sistemas de votação e pelo formulário federal de registro de eleitores.
Se aprovada, a ordem pode alterar significativamente como as eleições são administradas nos Estados Unidos. O Congresso está considerando codificar requisitos de prova de cidadania em lei, enquanto Trump promete mais medidas relacionadas a eleições nas próximas semanas.
O foco está na cláusula constitucional das "Eleições", que afirma que os estados — não o presidente — decidem os "tempos, lugares e maneiras" de conduzir eleições. O Congresso tem poder para "criar ou alterar" regulamentos eleitorais, mas a Constituição não menciona qualquer autoridade presidencial sobre a administração das eleições.
As ações também destacam o potencial de desenfranchisamento de eleitores. Organizações de defesa dos eleitores, como a Liga dos Cidadãos Latin-Americanos Unidos, afirmam ser prejudicadas pela ordem de Trump. Além disso, o Departamento de Eficiência Governamental foi acusado de violar direitos de privacidade ao compartilhar dados federais com listas de eleitores estaduais.
Isso aumentaria o risco de assédio baseado em suspeitas falsas de que indivíduos não estão qualificados para votar. Tal situação levantou preocupações sobre como isso afetaria especialmente grupos minoritários e comunidades vulneráveis.
A ordem encontrou apoio entre alguns oficiais eleitorais republicanos, que argumentam que ela poderia inibir fraudes eleitorais. No entanto, críticos alertam que as mudanças propostas causariam confusão e dificuldades tanto para administradores eleitorais quanto para os próprios eleitores.
Por exemplo, milhões de americanos elegíveis não possuem documentos de cidadania imediatamente disponíveis. Em Kansas, onde houve uma exigência de prova de cidadania durante três anos, quase todos os cerca de 30 mil impedidos de se registrarem eram cidadãos americanos elegíveis.