O Senado dos Estados Unidos aprovou, em uma votação apertada na madrugada de sábado, um plano orçamentário abrangente que visa consolidar a agenda do presidente Donald Trump. Apesar da vitória republicana, o processo revelou tensões internas sobre questões como cortes no Medicaid, aumento da dívida nacional e estratégias fiscais questionáveis. Além disso, as divergências entre o Senado e a Câmara podem dificultar ainda mais o avanço do projeto.
Embora o orçamento tenha sido aprovado com ampla maioria republicana, preocupações crescentes surgiram sobre os impactos das propostas no sistema de saúde e nos gastos públicos. O uso de manobras contábeis para ocultar custos reais também foi alvo de críticas, levantando dúvidas sobre a viabilidade política e financeira do plano.
A aprovação do orçamento não escondeu as divisões dentro do partido republicano. Senadores expressaram sérias preocupações com os possíveis cortes no Medicaid, além de discordâncias sobre o impacto fiscal geral do projeto. A promessa de Trump de preservar benefícios do Medicaid ajudou a convencer alguns céticos, mas desafios permanecem.
Vários senadores manifestaram reservas significativas sobre os cortes propostos no programa de seguro de saúde. Josh Hawley, por exemplo, destacou sua preocupação com os efeitos dessas reduções em comunidades vulneráveis. Ele afirmou que só concordou em apoiar o orçamento após receber garantias específicas do presidente. Outros, como Susan Collins, enfatizaram que os cortes sugeridos poderiam prejudicar gravemente os serviços de saúde em estados rurais. Ainda assim, Collins reconheceu que há um longo caminho a percorrer até que um acordo final seja alcançado entre as duas casas legislativas. Essas diferenças de opinião indicam que ajustes substanciais serão necessários para garantir a aprovação unânime.
Além das questões sociais, o orçamento enfrenta críticas por suas implicações econômicas. A proposta inclui grandes cortes de impostos e aumentos significativos nos gastos militares e de imigração, o que pode gerar déficits consideráveis. Alguns legisladores questionam o uso de métodos contábeis duvidosos para mascarar esses custos.
O recurso ao chamado "baseline de política atual" foi denunciado por figuras como Bill Cassidy, que alertou sobre o aumento de trilhões de dólares na dívida nacional. Esse método, embora técnico, estabelece um precedente perigoso, advertiu Cassidy, contrariando princípios conservadores fundamentais. Além disso, incertezas pairam sobre a aceitação dessa abordagem caso os democratas contestem formalmente junto à parlamentar. Para muitos republicanos, como John Curtis, violar normas parlamentares é uma linha vermelha intransponível. Paralelamente, há preocupações sobre como financiar outras disposições do projeto sem comprometer programas essenciais como Medicare e Medicaid. Este dilema coloca pressão adicional sobre os legisladores para encontrar soluções criativas ou enfrentar a oposição de facções conservadoras tanto no Senado quanto na Câmara.