Com a proximidade das eleições no Canadá, os líderes políticos do país enfrentam a questão de como lidar com o presidente norte-americano Donald Trump e sua abordagem imprevisível em relação ao acordo comercial USMCA. O líder liberal Mark Carney e o líder conservador Pierre Poilievre têm visões distintas sobre a forma de negociar um novo pacto com os Estados Unidos após o pleito. Enquanto Carney sugere uma gestão cuidadosa da separação econômica entre os dois países, Poilievre aposta na possibilidade de fortalecer ainda mais os laços comerciais e de segurança. Ambos concordam que negociações devem ser iniciadas imediatamente após o período eleitoral.
O cenário atual reflete tensões crescentes nas relações bilaterais, especialmente desde que Trump impôs tarifas prejudiciais ao setor automotivo canadense. A resposta do primeiro-ministro Carney foi retaliar com tarifas semelhantes, mas ele também demonstrou disposição em iniciar novas conversações depois das eleições. Por outro lado, Poilievre propõe não apenas reduzir barreiras comerciais, mas também vincular benefícios econômicos à cooperação militar e de fronteiras entre os dois países.
No coração dessa disputa está a divergência estratégica: enquanto Carney considera inevitável a diminuição da integração econômica com os EUA, Poilievre enxerga oportunidades para reforçá-la. Essas posturas revelam diferenças fundamentais na maneira como cada partido pretende moldar as relações futuras com o vizinho do sul.
A análise de Carney destaca uma mudança significativa no sistema comercial global liderado pelos Estados Unidos. Durante uma coletiva de imprensa em Ottawa, ele afirmou que a tendência de integração econômica entre os dois países, que perdurou por seis décadas, chegou ao fim. Em vez disso, Carney defende a necessidade de identificar quais áreas da integração podem ser preservadas e onde o Canadá precisará buscar alternativas. Ele sugeriu que certos setores, como o automotivo, poderiam beneficiar-se de uma reaproximação estratégica, caso isso seja mutuamente vantajoso.
Já Poilievre adota uma abordagem mais assertiva, propondo uma revisão imediata do USMCA para evitar perdas de empregos e impactos negativos no mercado acionário dos EUA. Ele argumenta que compromissos militares e de segurança adicionais do Canadá poderiam atrair o interesse dos americanos em uma parceria mais próxima. Contudo, essa perspectiva tem sido questionada, dado o histórico de Trump em renegar acordos anteriores.
O contraste entre as duas visões é evidente quando se examina o futuro da integração econômica. Carney parece preparado para aceitar a separação gradual, enquanto Poilievre insiste na possibilidade de revitalizar vínculos mais profundos.
Embora ambos concordem que negociações são necessárias após as eleições, suas abordagens revelam diferenças profundas quanto ao futuro das relações com os Estados Unidos. Carney busca formas de gerenciar a desintegração econômica, enquanto Poilievre aspira a um retorno à cooperação ampla e benéfica. Resta saber qual estratégia prevalecerá e como isso afetará o destino das relações transfronteiriças nos próximos anos.