No último dia da semana passada, equipes inteiras encarregadas de processar solicitações de documentos governamentais foram desmanteladas dentro do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HSS). Esses cortes afetaram profundamente instituições-chave como os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) e os Institutos Nacionais de Saúde (NIH). De acordo com fontes internas que preferiram permanecer anônimas, algumas dessas equipes simplesmente deixaram de existir, enquanto outras restaram apenas com um punhado de membros remanescentes.
O trabalho realizado pelas equipes de FOIA é essencial para garantir que o público tenha acesso a informações cruciais sobre a saúde pública e operações federais. Desde questões relativas à segurança de medicamentos até correspondências oficiais, esses registros são fundamentais tanto para cidadãos quanto para entidades jornalísticas. A redução drástica do número de profissionais compromete seriamente essa missão vital.
O Secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., prometeu uma abordagem de "transparência radical". No entanto, analistas independentes questionam se tal promessa está sendo cumprida na prática. Jason R. Baron, ex-diretor de litígios na Administração Nacional de Arquivos e Registros e atual professor na Universidade de Maryland, critica duramente as demissões recentes. Ele argumenta que a eliminação de postos chave no sistema FOIA contradiz frontalmente qualquer intenção genuína de abrir o governo ao escrutínio público.
Baron antecipa que os atrasos já significativos nas respostas aos pedidos de registros públicos crescerão exponencialmente devido às reduções de pessoal. Ele enfatiza que esses documentos pertencem ao povo americano e que manter um corpo funcional robusto é essencial para honrar esse princípio constitucional.
Em resposta às críticas, o HHS declarou que as unidades de FOIA anteriormente funcionavam de maneira isolada e sem coordenação eficaz entre si. Sob a liderança do Secretário Kennedy, pretende-se criar uma estrutura mais integrada e eficiente. Apesar dessa justificativa oficial, especialistas como Gunita Singh, advogada do Comitê de Repórteres pela Liberdade de Imprensa, consideram a medida "absolutamente ultrajante".
Singh explica que a lei FOIA não é opcional; trata-se de uma obrigação legal que exige que os órgãos governamentais forneçam registros solicitados dentro de prazos razoáveis. Sem equipes adequadas, a execução dessa obrigação torna-se impraticável, prejudicando diretamente jornalistas, advogados e cidadãos comuns que dependem dessas informações para realizar seu trabalho ou exercer seus direitos civis.
Com a redução do número de funcionários dedicados ao processamento de solicitações FOIA, há um aumento inevitável nas disputas legais relacionadas ao acesso a registros públicos. Organizações frequentemente precisam recorrer à via judicial para obter informações cruciais que deveriam ser disponibilizadas voluntariamente. Este cenário pode sobrecarregar ainda mais o sistema judiciário e prolongar indefinidamente o tempo necessário para resolver questões pendentes.
Um exemplo ilustrativo ocorreu recentemente, quando um caso envolvendo a Administração para Crianças e Famílias (ACF) foi suspenso temporariamente após a equipe FOIA responsável ser colocada em licença administrativa. Esse tipo de interrupção tem consequências imediatas e graves para todos os envolvidos, incluindo repórteres investigativos que confiam nesses dados para produzir reportagens de interesse público.
Antes mesmo desses cortes recentes, muitos observadores já identificavam problemas sistemáticos na capacidade das agências federais de cumprir adequadamente suas obrigações sob a lei FOIA. A falta consistente de recursos humanos resultava em violações regulares do prazo legal de 20 dias estipulado para responder às solicitações. Agora, com menos pessoas disponíveis para lidar com o volume crescente de pedidos, a situação tende a piorar substancialmente.
Para mitigar esses desafios, alguns especialistas sugerem soluções inovadoras, como maior uso de tecnologia automatizada para triar e organizar registros eletrônicos. Além disso, haveria necessidade de revisitar políticas internas que determinam quais tipos de informações devem ser automaticamente divulgadas, reduzindo assim a carga sobre os sistemas de solicitação manual.