O presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, declarou que a União Europeia (UE) está preparada para reagir às tarifas de 20% impostas pelo governo norte-americano liderado por Donald Trump. Contudo, a abordagem inicial será buscar acordos para reduzir barreiras ao comércio transatlântico antes de adotar medidas retaliatórias. Trump justificou as tarifas como parte de sua estratégia de "tarifas recíprocas" contra os maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos, acusando a UE de práticas comerciais desleais. A resposta europeia inclui um pacote de contramedidas para proteger interesses e empresas caso as negociações falhem.
A líder europeia enfatizou que o bloco já finaliza medidas preliminares em resposta às tarifas sobre o aço, além de planejar outras contra exportações automotivas. Apesar disso, Von der Leyen reconheceu que algumas nações estão se aproveitando indevidamente das regras do comércio global, mas alertou que usar tarifas como ferramenta prioritária não resolverá os problemas. Ela também advertiu sobre os impactos econômicos globais dessas decisões, que podem afetar consumidores em todo o mundo, elevando custos de itens essenciais como alimentos, medicamentos e transporte.
Von der Leyen destacou ainda o compromisso da UE em defender setores estratégicos, como o automotivo e o de aço, enquanto monitora possíveis efeitos colaterais indiretos das tarifas. A Europa demonstra confiança em atravessar este período desafiador unida, reforçando que qualquer ataque a um membro representa um ataque ao bloco inteiro.
No entanto, por trás das câmeras, surgem divergências entre líderes europeus quanto à proteção de determinados setores frente a eventuais represálias da UE. Por exemplo, a França tem defendido a exclusão de propostas contra o bourbon whiskey, enquanto a Irlanda pede a retirada de tarifas sobre produtos lácteos. Já Giorgia Meloni, primeira-ministra da Itália e aliada de Trump, afirmou que tarifas não beneficiam nenhum lado e busca negociar para evitar uma guerra comercial.
Por outro lado, especialistas como Simon Evenett argumentam que a dependência européia do poder militar norte-americano para conter a Rússia e a falta de mercados alternativos limitam a capacidade do bloco de responder eficazmente. Mesmo assim, a UE pode considerar alvos como serviços americanos ou suspender direitos de propriedade intelectual como parte de sua estratégia de retaliação.
Diante deste cenário complexo, a relação comercial entre UE e EUA permanece tensa, com ambas as partes buscando equilibrar interesses econômicos e políticos. A UE continua a explorar opções diplomáticas e comerciais para mitigar os danos potenciais das tarifas impostas, enquanto mantém seu papel como defensora de um sistema comercial multilateral justo e sustentável.