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A ascensão dos criadores digitais no mundo do entretenimento e da moda
2025-04-20

Os criadores de conteúdo digital estão rapidamente conquistando espaço em áreas tradicionalmente dominadas por atores e modelos profissionais. Este fenômeno, analisado pelo especialista Ricardo Cavallini, reflete mudanças significativas na chamada “Economia da Atenção”. Com influenciadores participando de eventos como o SPFW 2025 e protagonizando produções audiovisuais, a escolha desses profissionais está cada vez mais vinculada ao poder de alcance midiático do que à habilidade técnica. Apesar disso, especialistas destacam os desafios gerados pela substituição de critérios artísticos por métricas de popularidade.

O impacto dessa tendência estende-se desde a qualidade das produções até as implicações sobre a formação profissional nas indústrias de cinema, televisão e moda. Para Cavallini, embora os influenciadores tragam benefícios como conexão direta com públicos específicos, sua escalada sem base em talento artístico pode comprometer a profundidade e excelência desses setores a longo prazo.

O papel crescente dos criadores digitais no universo fashion e audiovisual

O aumento da presença de influenciadores digitais em eventos de moda e produções cinematográficas representa uma mudança fundamental na forma como essas indústrias operam. No caso do São Paulo Fashion Week de 2025, nomes como Gkay, Luísa Perissé e Maya Massafera marcaram presença nas passarelas, enquanto outros criadores de conteúdo ganham destaque em filmes e séries. Esse movimento é impulsionado pela busca por maior visibilidade e conexão com audiências jovens, características frequentemente associadas aos criadores digitais.

Esse fenômeno ilustra um novo paradigma onde a capacidade técnica muitas vezes perde espaço para a popularidade nas redes sociais. De acordo com Ricardo Cavallini, especialista em comunicação e negócios, essa lógica não é completamente nova, mas nunca alcançou proporções tão amplas. Ele ressalta que, enquanto famosos sempre foram utilizados em diferentes contextos comerciais, a atual escalada de influenciadores tem relação direta com um mercado financeiro global que deve chegar a cerca de 500 bilhões de dólares até 2027. O foco principal recai sobre a medição de seguidores e visualizações, o que transforma a escolha de personalidades em uma decisão comercial mais do que artística.

Implicações para a qualidade e formação profissional no entretenimento

A preferência por influenciadores com grande alcance pode ter consequências duradouras para a qualidade e formação profissional nas áreas de cinema, televisão e moda. Cavallini alerta que, quando o sucesso depende menos de qualificações técnicas e mais de números de seguidores, há uma tendência de menor investimento em desenvolvimento profissional. Isso pode comprometer a profundidade e excelência das produções dessas indústrias.

Ele explica que, embora influenciadores possam trazer benefícios únicos, como proximidade com certos públicos-alvo e criatividade distintiva, eles não substituem necessariamente os profissionais treinados que dominam suas áreas. Um exemplo citado por Cavallini é o uso de moradores locais no filme “Cidade de Deus”, onde a escolha se baseou em autenticidade cultural e não em métricas de mídia social. Essa distinção é crucial, especialmente em momentos em que ex-participantes de reality shows, como Rafa Kalimann e Viih Tube, são escalados para papéis principais em produções audiovisuais. Para ele, o equilíbrio entre visibilidade e competência artística deve ser cuidadosamente considerado, garantindo que a escolha de talentos seja feita com base em critérios mais abrangentes do que simplesmente a quantidade de seguidores.

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