Um grupo de 19 procuradores-gerais democratas apresentou uma ação judicial contra o governo Trump, alegando que um decreto presidencial recente que busca reformar as eleições nacionais é inconstitucional e antidemocrático. O decreto inclui exigências como prova de cidadania para registro eleitoral e regras mais rígidas sobre votos por correspondência. Os procuradores afirmam que o presidente ultrapassou sua autoridade constitucional.
A contestação jurídica também menciona a cláusula eleitoral da Constituição, que atribui aos estados o poder de estabelecer os detalhes das eleições. Além disso, organizações democráticas e grupos não governamentais entraram com processos adicionais no Distrito de Colúmbia, questionando a legalidade do decreto. A administração Trump justifica a medida como necessária para proteger as eleições contra supostos casos de fraude por parte de não cidadãos, apesar de evidências contrárias.
A ação judicial liderada pelos procuradores-gerais dos estados destaca preocupações sérias sobre a validade constitucional do decreto. Eles argumentam que o presidente excedeu seus limites legais ao tentar modificar unilateralmente leis eleitorais sem apoio legislativo ou constitucional explícito. Esse movimento é visto como uma tentativa de subverter a autonomia dos estados na gestão das eleições.
O cerne do desafio jurídico reside na interpretação da cláusula eleitoral da Constituição, que concede aos estados o direito exclusivo de determinar "os tempos, lugares e maneiras" das eleições. Embora o Congresso possa intervir através de leis federais, o decreto presidencial ignora essas delimitações tradicionais. Procuradores-gerais como Rob Bonta da Califórnia enfatizam que o presidente não pode agir acima da lei nem alterar procedimentos eleitorais fundamentais sem base constitucional. Essa postura legal sustenta a ideia de que o decreto viola princípios básicos de separação de poderes.
Além das implicações legais, o decreto gerou tensões políticas significativas, especialmente entre partidos opostos. Críticos argumentam que o texto promove restrições desnecessárias que podem afetar negativamente o acesso ao voto, particularmente em comunidades vulneráveis. Aaron Ford, de Nevada, descreveu o decreto como uma forma de chantagem política contra os estados, usando ameaças de retirada de financiamento para segurança eleitoral.
Este cenário reflete um debate mais amplo sobre a integridade do processo eleitoral nos Estados Unidos. Enquanto a administração Trump insiste que medidas restritivas são cruciais para combater fraudes inexistentes, especialistas e líderes políticos destacam que as eleições recentes foram consideradas algumas das mais seguras da história nacional. Este conflito demonstra como questões eleitorais se tornaram profundamente polarizadas, colocando em xeque tanto a legitimidade das políticas quanto a confiança pública nas instituições democráticas.