As decisões judiciais têm colocado o governo Trump sob escrutínio, com múltiplos juízes expressando preocupações sobre alegadas desobediências às ordens da corte e violações de direitos fundamentais. Dois casos em destaque envolvem demissões na Consumer Financial Protection Bureau e alterações nas regras para o corpo de imprensa da Casa Branca, ambas acusadas de desrespeitar decisões judiciais. Além disso, um circuito federal foi solicitado a interromper procedimentos por desacato criminal relacionados à deportação de imigrantes para El Salvador, apesar de ordens contrárias emitidas pelo juiz James Boasberg.
Em uma manhã tensa, a audiência conduzida pela Juíza Amy Berman Jackson, no Tribunal Distrital de DC, examinou as demissões de mais de mil funcionários da Consumer Financial Protection Bureau. A medida pode ter ignorado decisões anteriores que impediam cortes que prejudicariam o trabalho do órgão neste período crítico. Paralelamente, o Juiz Trevor McFadden analisou se mudanças implementadas pela Casa Branca no corpo de imprensa violaram os direitos constitucionais da Associated Press.
Essas audiências refletem um padrão crescente de acusações de que o governo Trump está deliberadamente ignorando ordens judiciais. Em um caso notável, após a meia-noite de sexta-feira, o governo pediu a um tribunal federal de circuito para cessar procedimentos de desacato criminal iniciados pelo Juiz James Boasberg, relacionados à deportação de migrantes para El Salvador, mesmo depois de ser instruído a deter esses voos.
No contexto dessas disputas, o renomado Juiz J. Harvie Wilkinson III, do Tribunal de Apelações do Circuito 4 dos EUA, alertou em uma decisão de sete páginas que as ações do governo podem estar minando a democracia americana. Ele criticou duramente a falta de cooperação no retorno de um migrante enviado erroneamente a uma prisão para terroristas em El Salvador.
Wilkinson questionou: “Se hoje o Executivo reclama o direito de deportar sem devido processo e em desrespeito às ordens judiciais, que garantias haverá amanhã de que não deportará cidadãos americanos e negará responsabilidade por trazê-los de volta? E que garantias haverá de que o Executivo não usará seus amplos poderes discricionários contra seus inimigos políticos?”
A situação demonstra um embate significativo entre os poderes executivo e judiciário nos Estados Unidos.
De maneira geral, estes eventos ilustram como a relação entre o governo e o sistema judicial está sendo testada como nunca antes. Para muitos observadores, é crucial que tanto o Executivo quanto o Judiciário respeitem suas funções constitucionais para preservar a integridade das instituições democráticas. A persistente resistência do governo às decisões judiciais levanta questões sérias sobre a separação de poderes e a proteção dos direitos individuais em tempos de polarização política extrema.