No dia 26 de março de 2025, milhares de pessoas se reuniram na icônica Powder House Square, em Somerville, para apoiar Rumeysa Ozturk, uma estudante de doutorado da Universidade Tufts e bolsista Fulbright que foi detida por agentes federais em frente à sua residência. A mobilização rápida ocorreu após a divulgação de vídeos mostrando o momento da prisão de Ozturk enquanto ela retornava para casa durante o mês do Ramadã. Advogados, colegas estudantes e ativistas denunciaram a transferência inesperada de Ozturk para um centro de detenção no estado de Luisiana, violando uma ordem judicial que exigia sua permanência em Massachusetts. A multidão incluiu membros de várias organizações de direitos humanos e líderes comunitários, destacando preocupações sobre liberdade de expressão e justiça imigratória.
O evento de protesto, organizado rapidamente pelo Coalizão pela Libertação Palestina da Tufts e pelo Movimento Juvenil Palestino, atraiu entre 2.000 e 3.000 participantes, segundo estimativas policiais. Durante o ato, Mary Mangan, uma guia histórica, contextualizou o movimento atual com eventos revolucionários passados, como o Alarme de Pólvora de 1774. Ela enfatizou que a luta contra opressores é uma tradição enraizada na história local. Entre os manifestantes estavam estudantes universitários, como Logan Gagnepain, que ressaltou a necessidade de proteger comunidades vulneráveis. Outras vozes, como Asli Memisoglu, aluna de 1987 da Tufts, recordaram demonstrações anteriores contra regimes autoritários, contrastando-as com as ameaças contemporâneas à liberdade de expressão.
A advogada Mahsa Khanbabai ainda não havia conseguido contato com Ozturk desde sua transferência para Luisiana, decisão que gerou indignação entre os presentes. Fatima Ahmed, do Muslim Justice League, leu um comunicado afirmando que tal medida contradizia diretivas judiciais explícitas. Além disso, relatos indicaram que Ozturk estava falando com sua mãe no momento da abordagem pelos agentes encapuzados, detalhes que reforçaram a narrativa de arbitrariedade e falta de transparência no processo.
Em meio à multidão, diversas gerações convergiram para expressar solidariedade. Jim Recht e sua esposa mencionaram que seus filhos têm idade semelhante à de Ozturk, criando um vínculo pessoal com o caso. Kork, representante do Jewish Voice for Peace, comparou a situação ao Holocausto, destacando paralelos históricos alarmantes. Ela também mencionou ter sofrido "doxxing" anteriormente, prática associada à vigilância digital hostil. Essa dinâmica conectou o caso de Ozturk a debates mais amplos sobre vigilância e perseguição política nos Estados Unidos.
À medida que o protesto se desenrolava, jovens profissionais compartilharam suas conexões com Ozturk, enfatizando que o programa Fulbright, financiado pelo governo americano, promove diplomacia civil internacional. Para esses indivíduos, a detenção de Ozturk levanta questões constitucionais importantes sobre liberdade acadêmica e segurança jurídica. Eric Haynes, munido de uma bandeira americana recém-adquirida, criticou movimentos fascistas emergentes, defendendo símbolos tradicionais de liberdade e democracia.
A assembleia durou cerca de duas horas, cobrindo toda a área do parque da praça. Enquanto alguns escreviam mensagens no calçamento usando giz distribuído voluntariamente, outros anunciavam planos para novos protestos marcados para os dias seguintes, tanto em Harvard Square quanto na prefeitura de Somerville. Esses eventos continuam refletindo uma ampla resistência às políticas de imigração controversas e à erosão de direitos civis fundamentais.