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O Casamento Entre Humanidade e Tecnologia na Moda
2025-04-09

A discussão sobre os limites entre inteligência artificial e trabalho humano continua sem um consenso claro. Recentemente, a controvérsia em torno das artes criadas por IA no estilo do Studio Ghibli reacendeu preocupações sobre o uso indiscriminado dessas ferramentas. No entanto, há um espaço onde esses mundos opostos se unem harmoniosamente: a nova coleção de Dario Mittmann apresentada na SPFW N59. Intitulada 'Golem: uma odisséia transhumanista', ela explora referências futurísticas combinadas com elementos artesanais, questionando a relação entre humanidade e tecnologia. A coleção mistura simbolismos históricos com inovações modernas, como peças impressas em 3D e tecidos que imitam a pele humana.

Simbolismo Transhumanista na Moda

A coleção 'Golem' é uma celebração da fusão entre mitologia e avanços tecnológicos. Inspirada na figura mítica que auxilia os humanos, mas perde o discernimento moral, a linha reflete sobre os perigos implícitos na dependência excessiva da IA. As peças artesanais, como bordados e crochês, convivem com criações futuristas, como bolsas inspiradas na anatomia humana e confeccionadas via impressão 3D. Esse contraste ressalta a ideia central de manter conexões profundas com o humano enquanto abraça o progresso.

O desfile foi uma jornada visual que explorou texturas e formas que remetem tanto ao corpo humano quanto a construções mecânicas. O látex, que imita a pele, contrastava com babados bordados e jeans brilhantes. Peças justas, em tons terrosos, evocavam a ideia de renascimento humano. O ápice ocorreu quando Deborah Secco desfilou usando uma armadura metálica cobrindo todo o corpo, expondo o rosto sob duas metades de máscara pendentes, simbolizando a mescla entre máquina e ser humano.

Inovações Estéticas e Culturais

A maquiagem desenvolvida por William Cruz trouxe influências do anime, especialmente nas sobrancelhas fluffies com textura de penugem colorida, criada utilizando pó de nylon. Os cabelos estruturados dos modelos complementaram o tema cibernético, adicionando dimensões futuristas às roupas. Essas escolhas reforçaram a conexão com a geração Z, que vive intensamente a intersecção entre o digital e o físico.

As estampas de algumas peças remeteram ao cybersigillism, uma estética que combina traços medievais e contemporâneos. Este estilo tem conquistado adeptos com sua abordagem única que une passado e futuro. A coleção também incorporou tendências populares, como calças de cintura baixa e estilos flare, tornando-se uma tradução cultural relevante para o público jovem. Ao integrar referências diversas, desde cultura pop até arte oriental, Mittmann consolidou sua visão maximalista em uma narrativa coesa e identificável.

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