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O êxodo científico: países europeus atraem talentos americanos
2025-03-29

Em meio às políticas de redução do governo Trump e Elon Musk's DOGE, que visam cortar gastos e diminuir o quadro de funcionários federais, algumas nações europeias estão aproveitando a oportunidade para recrutar cientistas americanos. As medidas implementadas nos Estados Unidos, incluindo o corte de programas e financiamento para pesquisa científica, levaram muitos pesquisadores a considerar deixar o país em busca de melhores condições no exterior, particularmente na França e em outros locais da Europa. Um estudo recente divulgado pela revista Nature revelou que mais de 1.200 cientistas americanos estão reconsiderando sua permanência nos EUA devido à situação atual. Instituições como a Universidade Aix-Marseille e outras nações europeias, como os Países Baixos, estão oferecendo apoio financeiro substancial para acolher esses profissionais.

Um movimento global em resposta às incertezas locais

No outono dourado de 2023, instituições francesas começaram a lançar iniciativas destinadas a apoiar cientistas americanos deslocados. A Universidade Aix-Marseille, uma das mais antigas e amplas do país, anunciou um programa chamado Safe Place For Science, que visa fornecer um ambiente seguro e estimulante para aqueles que desejam continuar suas pesquisas com liberdade. Com um fundo total de até 16,2 milhões de euros ao longo de três anos, a universidade espera apoiar cerca de 15 cientistas americanos. O presidente Éric Berton afirmou que "estamos testemunhando um novo êxodo intelectual" e que farão tudo ao seu alcance para ajudar tantos cientistas quanto possível.

Outros países também entraram na corrida. No início deste mês, o ministro holandês da Educação, Cultura e Ciência, Eppo Bruins, enviou uma carta ao parlamento solicitando a criação de um fundo destinado a atrair cientistas internacionais de alto nível para os Países Baixos. Ele enfatizou que "cientistas de topo valem seu peso em ouro para nosso país e para a Europa". Apesar disso, Sudip Parikh, CEO da American Association for the Advancement of Science, expressou preocupação sobre facilitar a transferência desses talentos, argumentando que os EUA construíram uma máquina de inovação única nos últimos 80 anos, responsável por avanços significativos em saúde e economia.

De acordo com Jennifer Jones, diretora do Center for Science and Democracy, além das questões econômicas, alguns cientistas relatam medo e assédio relacionados ao tipo de trabalho que realizam, como temas de diversidade, inclusão e mudança climática. Esses fatores adicionais têm impulsionado ainda mais o desejo de buscar refúgio acadêmico fora dos EUA.

Com mais de 150 candidaturas já recebidas pelo programa francês e esforços semelhantes sendo feitos na Holanda, fica evidente que este é um momento crucial na história da ciência internacional.

Do ponto de vista de um jornalista cobrindo esse fenômeno, é impossível não perceber as implicações a longo prazo dessa migração científica. Enquanto países europeus se beneficiam da chegada de mentes brilhantes, os Estados Unidos podem sofrer com a perda de liderança em áreas cruciais de pesquisa. Este caso serve como um lembrete importante sobre o impacto das decisões políticas na comunidade científica global e reforça a necessidade de políticas equilibradas que incentivem a colaboração, em vez de repeli-la. Ao mesmo tempo, a solidariedade demonstrada pelas instituições europeias oferece esperança para cientistas que buscam um futuro estável e produtivo em suas carreiras.

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