No coração de Washington, DC, a sede do Departamento de Assuntos dos Veteranos (VA) está localizada a poucos metros da Casa Branca. Recentemente, um memorando obtido pela NPR indica que o departamento pode estar reconsiderando seu plano de exigir que terapeutas de telemedicina voltem a trabalhar em escritórios que podem não oferecer privacidade suficiente. O documento destaca a necessidade de espaços de trabalho privados para manter relacionamentos confiáveis e terapêuticos com os veteranos.
Datado de 12 de abril, o memorando foi emitido um dia após a cobertura jornalística da NPR sobre as preocupações relacionadas à privacidade nas sessões de saúde mental. Apesar disso, muitas dúvidas permanecem entre os profissionais de saúde mental, especialmente quanto à viabilidade de cumprir os requisitos de privacidade em ambientes de trabalho sobrelotados.
A decisão ocorre em meio a controvérsias sobre cortes previstos no quadro de funcionários da VA, anunciados pelo secretário Doug Collins, que incluem a redução de até 80 mil postos de trabalho. Essa medida contrasta com a expansão de recursos aprovada pelo Congresso sob a presidência de Biden por meio da Lei PACT, destinando quase 800 bilhões de dólares para ampliar os cuidados e benefícios aos veteranos.
O impacto dessas políticas levanta questões importantes sobre a continuidade do alto padrão de cuidados que a VA tem sido conhecida por proporcionar, especialmente em relação à saúde mental dos veteranos.
Antes do memorando de 12 de abril, gestores da VA em uma região específica distribuíram um roteiro para que terapeutas lessem a seus pacientes, alertando sobre a impossibilidade de garantir confidencialidade total. Embora a lei federal garanta essa privacidade, a incerteza persiste sobre como os profissionais poderão conciliar os requisitos legais com condições de trabalho inadequadas.
Vários clínicos entrevistados pela NPR expressaram perplexidade diante das diretrizes apresentadas. Enquanto alguns documentos sugerem possíveis isenções para profissionais de saúde mental, detalhes concretos ainda são escassos. Muitos funcionários contratados especificamente para trabalhar remotamente agora enfrentam dilemas sobre como continuar oferecendo serviços de qualidade em locais físicos sem infraestrutura adequada.
Outros aspectos preocupantes incluem a falta de espaço suficiente para estacionamento e circulação em áreas comuns, além da ausência de salas privativas necessárias para sessões terapêuticas eficazes. Essas questões reforçam as críticas de associações como a Associação Americana de Psicologia, que alerta sobre os riscos de comprometer práticas fundamentais na prestação de serviços psicológicos.
Apesar das declarações oficiais da VA garantindo que os cuidados aos veteranos continuarão ininterruptos, muitos funcionários continuam céticos. A implementação gradual do retorno ao trabalho presencial, com datas variando desde 14 de abril até maio, mantém as incertezas sobre como será possível equilibrar demandas operacionais com o respeito às normas éticas e legais.
A reputação da VA como referência em cuidados de saúde mental nos Estados Unidos está sob escrutínio. Especialistas temem que medidas como a ordem de retorno ao trabalho presencial e os planejados cortes de empregos possam levar à perda de talentos qualificados e, consequentemente, à deterioração geral da qualidade dos serviços oferecidos aos veteranos.
Profissionais da área enfatizam que a VA é vista como uma instituição dedicada ao treinamento rigoroso e à aplicação de práticas baseadas em evidências, essenciais para atender às necessidades de uma população que sacrificou tanto em prol do bem-estar coletivo.